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14° Dia: Percorrendo a Rota Romântica - Entre Rothenburg ob der Tauber e Bad Bayersoien

Atualizado: 24 de ago. de 2021

Foto de despedida em Rothenburg com Georg e Bárbara, proprietários do hotel (Foto: Gilson)

Bad Bayersoien, 20/06/2018 - Quarta-feria


Foi um café da manhã gostoso e longo preparado com muito carinho pelos nossos anfitriões. Colocaram na mesa pães extras e sacolinhas para levarmos sanduíches pra viagem.


Foram tão gentis que os presentemos com uma moeda de 1 real, edição especial para colecionadores, das olimpíadas de 2014, protegida por uma capinha de acrílico. Não nos deixaram partir sem que levássemos uma de suas cachaças artesanais feitas com frutas orgânicas do próprio pomar. Prometemos bebê-la em casa com amigos, contando sobre nossa aventura na Alemanha.


Foi uma despedida alegre. - "Bis bald!"


Antes de seguir pela Estrada Romântica em direção ao sul, passamos no supermercado Aldi Süd para ativar o chip de celular do Gilson e para retornar as garrafas pet e latinhas vazias.


Máquina automática para retorno de garrafas pet e latinhas (logística reversa: obrigação dos fabricantes)

Logo ao sair Rothemburg apareceu a primeira de uma série de placas marrons, que nos guiaram por todo o dia ao longo da Romantische Straße. As placas nos levaram ao interior agrícola da Alemanha. Atravessamos várias cidades, algumas maiorzinhas e outras bem pequenas, a maior parte com origens na idade média, todas muito bonitas com suas ruas limpas, torres de igrejas e casas com jardins, bem conservadas, muitas em enxaimel e grandes galpões para ferramentas e maquinário agrícola.


A Estrada Romântica é a mais conhecida rota turística na Alemanha, um trajeto de aproximadamente 470 km entre Würzburg, nas margens do Rio Main, e Füssen, aos pés dos Alpes Bávaros. A rota liga 29 pequenas cidades de origem medieval pelo interior dos Estados de Baden-Württenberg e Baviera. Criada como incentivo ao turismo nacional e internacional logo após a segunda guerra mundial para transmitir uma imagem positiva do país ao mundo através da mescla de paisagens, cultura e história. O nome da rota se refere ao sentimento de conectar-se a glórias passadas, característico do Movimento Romântico dos séculos XVIII e XIX.


Outras rotas se entrelaçam com esta, como a Rota do Adorável Vale Rio Tauber, a Rota dos Vinhos do Vale do Tauber, a Estrada Alpina Alemã e o Caminho Alemão a Santiago de Compostela. Há muito para ver. É possível visitar algumas atrações em apenas um dia, como nós fizemos, ou passar um mês inteiro conhecendo-a em profundidade e expandindo a visita para rotas vizinhas.


A proximidade entre as aldeias é tão marcante que é possível cruzar três delas em menos de seis minutos. Os espaços que as separam são ocupados por campos cultivados, passamos por vários trigais de cor verde-dourada, numa topografia predominantemente plana com algumas colinas e bosques separando e protegendo as plantações das rajadas de vento. Singelas surpresas aparecem a todo momento, como o cervo se alimentando às margens do bosque, o que faz desse trajeto um passeio para ser feito em modo lento. Para conhecer essa rota mais a fundo, recomendo reservar ao menos 5 dias. Nós percorremos apenas 1/3 da Rota Romântica como caminho para chegar a outro destino, mas foi suficiente para perceber seu potencial como destino turístico que merece mais que uma simples passagem.


Fazia calor, muito calor! O vento do deslocamento na moto foi mais que bem-vindo! Ele amenizava também o cheiro de estrume que emanava dos campos e nos acompanhou por alguns quilômetros, pois é primavera e as terras estavam sendo adubadas.




Romantische Straße: aparição de um cervo.



Romantische Straße: em seis minutos de percurso atravessamos três aldeias



Decidimos parar em Dinkelsbühl para descansar e comer algo, eu também queria comprar créditos de internet e ali houvesse talvez essa possibilidade. A entrada dessa pequena cidade medieval não nos permitiu antever o que encontraríamos no núcleo histórico: uma muralha intacta, quatro torres e um grande portão que atravessamos. Do outro lado um grande conjunto colorido e bem conservado de casas com três a quatro pavimentos, com suas fachadas triangulares alinhadas ao longo de ruas tortuosas calçadas com paralelepípedos brilhantes. É a cidade medieval mais bem preservada do país.


Mas o maior encanto da cidade estava ali na rua. Não havia só estabelecimentos voltados ao turismo, e sim outros capazes de atender as necessidades de uma cidade real, com pessoas que vivem e trabalham ali, havia uma vida que senti falta na linda e ultra turística Rothenburg ob der Tauber. Fiquei feliz de estar em Dinkelsbühl e ao mesmo tempo triste por não ter previsto um dia inteiro para nos dedicar a ela.


Aqui fomos atendidos com um carisma fora do padrão eficiente e frio alemão, curiosamente por brasileiros, muito bem cotados para trabalhos com atendimento ao público, o que pude vivenciar e confirmar nos três locais em que entramos. Um desses brasileiros é Gustavo, de Criciúma e frequentador do Rio Tavares, nosso bairro em Florianópolis (ê mundo pequeno!), que está trabalhando por um ano na Alemanha. Gilson adorou conversar com alguém em português que não fosse eu. Rá!


Estacionamos a moto debaixo de uma cerejeira carregadinha de cerejas, entre a igreja de São Jorge e a sorveteria italiana onde tomamos sorvete e cerveja sem álcool e comemos nossos sanduíches levados do café da manhã.


Depois entramos na igreja que nos acolheu no seu espaço com o frescor característico das massivas construções em alvenaria de pedra, aliviando muito nosso desconforto provocado pelo calor do meio-dia. A nave tripla sem transepto é um longo caminho até o altar marcado pelas altas colunas que se ramificam no topo para formar uma intrincada rede de abóbadas. As paredes são muito robustas e suportam a imensa carga descarregada nelas e protegem o interior das adversidades externas. As janelas altas demais para olhar para fora conduzem o olhar para cima, iluminando o teto da igreja e realçando a arte da cantaria e da marcenaria aqui em baixo, através do contraste entre luz e sombras nos alto relevos. É um lugar de paz e poder, embora os poderosos leões de pedra na base da pia batismal contrastem com o aviso colocado sobre a caixa de donativos que pede contribuição para a manutenção desse espaço sacro.


Abandonamos agradecidos o frescor do refúgio medieval e saímos para a praça do mercado banhada de sol, onde Gilson se encantou com um triciclo estacionado em frente à porta da igreja e fez várias fotos. Da lateral da catedral, uma voz masculina grave vinda de uma mesa ao ar livre sob um guarda-sol chamou em alemão: "o colega pode montar!". Gilson aceitou o convite e adorou! Esse senso de irmandade entre os motociclistas foi uma constante em toda a viagem. O proprietário era um alemão orgulhoso de seu triciclo que nos contou estar percorrendo a rota romântica e a rota do barroco, num total de 1.500 km, com sua esposa na garupa, por um período de 15 dias de férias.



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Depois de vagar pelas ruas da cidade e apreciar o monumento em memória de Christoph von Schmid, teólogo e escritor que compôs a música natalina "Ó Vinde Meninos", seguimos viagem acompanhando as placas marrons até Harburg, que percorremos vagarosamente. A partir daí, já cansados, trocamos a Estrada Romântica pela autoestrada para chegarmos mais rapidamente ao destino programado para o dia, Oberammergau.


Em Augsburg paramos para abastecer, descansar e comer algo, e retornamos à estrada quando o enorme congestionamento diminuiu. Em Schongau passamos novamente sobre a Romantische Straße onde o cenário começou a mudar. O relevo ficou mais movimentado e ao invés dos campos cultivados agora o que reinava eram pastos e florestas de faias, abetos e outras coníferas. A arquitetura também mudou radicalmente para edificações baixas com telhados menos inclinados com estruturas em madeira muito robustas.


A medida que o sol baixava diagonalmente no horizonte, as temperaturas caíam, e ao longe já era possível ver o perfil dos pré-Alpes. Paramos num entroncamento confuso onde uma equipe de obras de uma construtora inspecionava uma ponte provisória sobre o desfiladeiro do Rio Ammer. A Estrada Romântica seguia à direita e a ponte provisória ainda não estava aberta. Fomos em frente passando pela linda ponte de Echelsbach, seguindo o sentido da Estrada Alpina Alemã (Deutsche Alpenstraße).


Entramos no Hotel-Restaurante Christophorus, ao lado da ponte, para beber algo e nos informar sobre hospedagem e o proprietário sentou conosco para conversar com seu acentuado sotaque bávaro enquanto bebíamos a cerveja sem álcool. Senti que ali era o lugar ideal para ficarmos, mas Gilson achou muito isolado.


Continuamos então em direção à Oberammergau. As montanhas ficaram mais próximas e a luz diminuiu. Chegamos às 19h e fomos muito mal recebidos em todas as pousadas que tinham placas de quartos livres. Tive até a impressão que não éramos bem-vindos, até os policiais eram antipáticos e o clima excessivamente turístico me incomodou. Havia muitos estabelecimentos de hospedagem, porém lotados. Paramos no bar de um hotel-restaurante, pedimos uma cerveja sem álcool e avaliamos as possibilidades. Sugeri voltarmos para Unterammergau onde tinha visto uma placa "Zimmer Frei", mas quando chegamos, já tinha sido invertida para "lotado", nem sequer atenderam a campainha, apesar da presença dos proprietários ser evidente pela movimentação no interior da construção. Percebemos que esse é uma hábito normal: às 17h o comércio fecha e as pessoas vão cuidar de seus assuntos pessoais. Às 19h é a hora do jantar e ninguém deve perturbar a refeição familiar.


Com muito esforço, convenci Gilson a retornarmos ao hotel ao lado da ponte que acabou nos conquistando pela simpatia do proprietário. Hospedamo-nos ali, mesmo que a localização do hotel fosse distante de qualquer povoado. Este acabou se revelando um achado precioso.




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O dia em números:

Deslocamento:

  • De Rothenburg ob der Tauber a Bad Bayersoien

  • Deslocamento = 275 km ≈ Duração = 3h45m

  • início: 10h; Fim: 21h

Despesas:

  • Combustível € 17,72

  • Estacionamento € 0,00

  • Hospedagem € 70,00

  • Alimentação € 24,05

  • Ingressos € 0,00

  • Moto (peças e serviços) € 0,00

  • Presentes € 0,00

  • Outros € 0,00

  • TOTAL € 111,77

Serviço:

 

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