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  • Foto do escritorBárbara

13° Dia: Pássaros, turistas e a Cidade Medieval - Um dia em Rothenburg ob der Tauber

Atualizado: 24 de ago. de 2021


Rothenburg ob der Tauber, 19/06/2018 - Terça-feria


Não dava para ver, mas a muralha medieval da cidade ficava do outro lado da rua. O que se via do nosso amplo e confortável quarto era o pomar e o pátio do hotel localizado nessa cidade altamente turística. Do pomar, onde as maçãs ganhavam cor, vinha o canto forte e melodioso do que parecia ser um sabiá. O mesmo canto que nos despertava em Hamburg agora o fazia em Rothenburg ob der Tauber.


Descemos para o refeitório onde apenas duas mesas estavam postas. Cada uma decorada com a bandeira do país de origem dos hóspedes, uma mesa alemã e outra brasileira. Georg e Barbara, os proprietários do hotel, serviam e entretinham os hóspedes com espontaneidade e atenção, jazendo jus à descrição "hotel familiar" do empreendimento.


O café da manhã foi fantástico, variado e saboroso. Não conseguimos comer nem a metade das opções colocadas a nossa mesa, mesmo levando dois sanduíches para mais tarde, embrulhados nas sacolinhas de papel colocadas a nossa disposição para essa finalidade. Ficamos preocupados em saber que aquilo não foi consumido seria descartado... Então combinamos quais produtos poderiam ficar de fora na manhã seguinte e assim reduzir o desperdício.


Nossos anfitriões nos explicaram como chegar ao "Stadtkern" (centro histórico) apenas atravessando a rua e cruzando o Klingentor, um dos portões de acesso a poucos metros de caminhada do hotel. Mas, Gilson ainda queria abastecer o tanque da Brigite então, depois do abastecimento, a deixamos num grande estacionamento público, em frente ao Galgentor (Porta da forca), numa rara vaga específica para motos. Seis euros para um período de 24 horas... !!! Caramba! Porque não fui mais convincente em persuadir o Gilson a deixar a moto no hotel! Era logo ali. OK! Tudo bem! Deixe estar o euro no parquímetro, relaxe, beba uma cerveja e passe pelo portão da muralha para vivenciar esta cidade medieval convertida em museu a céu aberto.






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Quinquilharias nas lojas de lembrancinhas



Tudo é muito bonito, limpo, conservado e colorido! Antes da segunda guerra mundial esta cidade foi o principal destino turístico da Alemanha pela originalidade de seu traçado, integridade das muralhas e construções sem interferências modernas. Os danos causados durante a segunda guerra foram cuidadosamente reparados e seu núcleo histórico fielmente reconstruído privilegiando o período medieval. Hoje, a área protegida como patrimônio histórico da Estado da Baviera que engloba o núcleo entre muros, parte do vale, pontes e algumas construções próximas do rio Tauber, é o retrato de uma cidade medieval que permite nos transportarmos à idade média e imaginar como foi a vida naqueles tempos. E funciona muito bem, porque Gilson comentava em cada lugar a cena que ele vislumbrava estando ali. Tudo é voltado ao turismo, e acabei sentindo falta dos habitantes reais, que se resumiram aos motoristas apressados nas ruas estreitas, os gatos preguiçosos das janelas de cima e a senhorinha que olhava pro infinito de uma janela entreaberta.


Rothenburg é linda, medieval, colorida e turística, muito turística. Havia mochileiros e ciclistas de todas as idades. Vários grupos de diferentes nacionalidades em excursão: chineses, holandeses, finlandeses, ouvimos também brasileiros. Os grupos caminhavam calmamente ou ficavam parados admirando o que viam, ouvindo as informações transmitidas por seus guias através de audioguias, tudo silencioso, calmo e ordeiro.


A ausência de ruídos e barulhos altos nos permitiu ouvir o canto dos "sabiás" durante todo o dia, ele estava particularmente forte no jardim da cidade, um grande jardim florido implantado sobre uma parte da muralha que avança numa curva do rio Tauber. Era ali que ficava a fortaleza, que já não existe mais. O jardim é um ótimo lugar para descansar, apreciar a vista sobre o vale e entender que a cidade se localiza sobre uma colina que acompanha as curvas do rio. Deitamos na grama para descansar, olhar o céu, o movimento das folhas das árvores e ouvir o canto dos pássaros se misturar com a música tocada por um violinista.


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Andamos aleatoriamente pelas ruas estreitas calçadas com paralelepípedos, percorremos desde espaços mais cheios de turistas até outros que tínhamos só pra nós. E há muito para ver! Como só tínhamos um dia, decidimos focar nossa atenção à cidade e deixar os museus para outra oportunidade. Foi uma decisão acertada porque "descobrimos" vários becos, jardins e construções interessantes e muralhas com vistas maravilhosas sobre o vale do rio Tauber, além daqueles espaços identificados no mapa.


Passamos por várias obras de manutenção, desde construções pequenas até às enormes. Eu estava muito interessada em conversar com o pessoal das equipes de restauração e quando finalmente tive chance não pude me comunicar porque a equipe era russa e não falava alemão.


De alguma forma, todas as Portas da cidade vão dar na Praça do Mercado, onde ficam os prédios da prefeitura e da antiga câmara de vereadores (Ratstrikstube), um marco visual que ajuda muito na orientação. Passamos pelas caves históricas e descemos até o Plönlein, a imagem mais famosa da cidade. Ela marca o início de uma extensão da muralha que envolve moinho e hospital e termina na Porta do Hospital (Spitaltor). Aqui há uma pequena fortificação dentro da fortificação principal, acessível por escadas que levam ao seu andar superior, onde as aberturas estreitas deixam entrar luz suficiente apenas para iluminar o caminho e localizar os canhões que defendem a cidade de ataques vindos do sul. A planta desta pequena e curiosa fortificação tem forma de um 8 e abriga dois pequenos jardins no térreo e carroças e canhões no andar superior. Gilson é um pouco claustrofóbico e não gostou de percorrer esse espaço que eu achei interessantíssimo.



Spitalgasse, uma das áreas mais calmas da cidade-museu - próximo à pousada da juventude

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Algumas fontes murmuram na cidade, mas um morador nos recomendou não bebê-la por não acreditar que fosse potável. Bancos oferecem lugar a quem está cansado e que não está interessados em ter que comprar algo só para poder descansar. Flores e objetos decorativos enfeitavam portas e janelas e árvores oferecem sombra, frescor e abrigo aos pássaros que cantam por toda parte.


Foi muito divertido! Brincamos bastante e fizemos dezenas de fotos, até ficarmos exaustos. Pensamos então em conhecer a Igreja de Santiago, mas ela estava sendo muito disputada por pessoas que queriam ver os famosos retábulos de Riemenschneider. Disseram-nos que a igreja e a cidade fazem parte do caminho alemão a Santiago de Compostela, o que explica o grande número de peregrinos a pé e de bike que encontramos durante o dia todo. Lembrei que Credlingen é uma cidade menos visitada da Rota Romântica, onde a igreja de Herrgottskirche também abriga um lindo retábulo do mesmo escultor e para aqueles que, como eu, não se sentem bem em aglomerações, esta pode ser uma boa alternativa.


Mas estando em Rothenburg, optamos pela igreja de São Francisco, que foi consagrada em 1309. Foi um momento de calma e introspecção, um refúgio de paz longe do agito da outra igreja mais famosa. A austeridade e singeleza característica de igrejas franciscanas é sutilmente amenizada por alguns elementos decorativos em cantaria e marcenaria. As janelas tem linhas simples e iluminam intensamente o interior. Um transepto divide o espaço, o lado destinado aos leigos é austero e puro que termina no cruzeiro onde o piso elevado abriga um altar central. Atrás deste esconde-se outra nave, destinada aos monges, onde ao invés de bancos desconfortáveis, há cadeiras desconfortáveis. Rá! Afinal, é para louvar, não dormir. Essa nave coberta por abóbadas abriga o altar principal com o retábulo de São Francisco, um lindo trabalho da fase inicial do grande escultor do século XVI Tilman Riemenschneider, o mesmo que produziu aqueles da igreja de Santiago. De longe ele fica ofuscado pela intensa luz que entra pelos vitrais ao fundo, fazendo necessário aproximar-se através do espaço destinado aos monges. No lado dos leigos, ao lado do altar central, há vários bilhetes espalhados no chão dentro de uma área delimitada com cordas. São orações escritas por visitantes. Um cartaz explicativo sugere que se apanhe uma oração para que seja lida e reavivada, e convida a escrever também outra para deixar ali, usando papel, caneta e uma base para escrever colocado à disposição com essa finalidade. Aceitei as sugestões, li três orações como se fossem minhas e deixei a minha para ser lida por outros visitantes.


Quando recuperamos nossas energias saímos, voltamos para onde a moto estava estacionada e seguimos com ela até o supermercado, fora das muralhas, na cidade real, onde compramos nosso jantar e o lanche para o dia seguinte. Jantamos no hotel, na "nossa" sacada, vendo o sol se por lentamente sobre o pomar onde o "sabiá" ainda assobiava.


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O dia em números:


Deslocamento:

Dia de descanso - sem deslocamento



Despesas:


  • Combustível € 18,98

  • Estacionamento € 6,00

  • Hospedagem € 80,00

  • Alimentação € 17,06

  • Ingressos € 0,00

  • Moto € 0,00

  • Presentes € 9,99

  • Outros € 0,00

  • TOTAL € 132,03


 

Serviço:

Hotel Klingentor Garni (proprietários: Georg e Elisabeth Wagenländer) -

Mergentheimer Str. 14

91541 Rothenburg ob der Tauber (em frente ao Klingentor)

Telefone: 0 98 61/34 68

 

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