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15° Dia: Plataforma Alpspix e Igreja de Wies - Nos Alpes Bávaros

Atualizado: 24 de ago. de 2021

Nos picos dos alpes. (Foto: Bárbara)

Bad Bayersoien, 21/06/2018 - Quinta-feira

O café da manhã foi servido no aconchegante ambiente bávaro-tirolês. Ali lembramos o dia anterior e planejamos aquele que iniciava. Hans, o proprietário do hotel, foi um ótimo concierge, perguntou sobre nossos planos, deu várias informações úteis sobre o passeio de teleférico ao Alpspitze que pretendíamos fazer e nos alertou da previsão de tempestade no final da tarde.


Não dei a devida atenção a Hans, estava pensando no freio da Brigite. Ontem, depois que paramos abruptamente em frente à ponte que estava sendo inspecionada por uma equipe de obras, a moto permaneceu ligeiramente travada e o disco do freio traseiro aquecia além do normal. Tínhamos visto uma oficina da Triumph no dia anterior e decidimos parar lá no caminho para Garmisch-Partenkirchen. Este é um luxuoso resort de esportes de inverno aos pés dos Alpes, localizado próximo da fronteira com a Áustria e de onde partem os teleféricos para os picos mais altos da Alemanha.


Repetimos o caminho de ontem até Oberammergau, mas passamos do local da oficina e Gilson não quis voltar. Seguimos pela planície entre pastos verdes com flores silvestres ao largo das cercas. O gado leiteiro era escasso e roçadeiras cortavam e embalavam o pasto para o inverno. Os picos dos Alpes marcavam o horizonte a sul e colinas cobertas por coníferas nas demais orientações. A paisagem ficou mais movimentada a partir de Oberammergau e, depois do grande Mosteiro Ettal, a estrada nos levou pelo sinuoso Passo Ettal, talhado no rochedo e coberto por uma densa floresta. Cruzamos o passo através de uma garoa fina que acrescentou uma beleza etérea ao lugar. Mal chegamos ao outro lado e a garoa se foi.


Seguimos pela A2 através do túnel Farchant, o mais comprido da Baviera com 2.390 metros de comprimento, onde a limitação de altura era nivelada por um pórtico metálico a alguns metros da embocadura do túnel. Dali é possível ver a construção de outro túnel, o Oberau, que deverá superar o Farchant em comprimento, e abreviará a chegada a Garmisch, evitando a passagem pelo Passo Ettal. Em Garmisch, Gilson se sentiu mal. As roupas pretas de cordura e o calor forte e abafado intensificavam seu mal-estar. Paramos na área de carga e descarga da agência de correios para avaliar sua condição que melhorou depois de beber quase 2 litros de água. Quis então continuar a curta distância que faltava até a Estação de teleféricos Alpspitzbahn, entre Garmisch e Grainau. Quando chegamos, ele já estava recuperado.


Deixamos a moto à sombra no enorme estacionamento e compramos os bilhetes do circuito Garmisch-Classik. A cabine do teleférico rapidamente ganhou velocidade e altura sobre a floresta e foi impulsionada para vencer a primeira cordilheira, onde fica a única torre intermediária do vão entre as estruturas que seguram os cabos, provocando uma sensação de queda depois de vencer esse topo para em seguida voltar a subir numa inclinação bem acentuada do segundo trecho. Enormes pinheiros crescem sobre precipícios inóspitos do maciço rochoso e é difícil distinguir as edificações no traçado da cidade lá em baixo. Logo, apenas rocha nua à altura dos olhos e lá em cima a silhueta da Alpspix começam a ganhar definição.


Ao desembarcar, o ar é limpo, seco e sopra uma suave brisa. Uma trilha curta leva à Alpspix, duas plataformas metálicas curvas que se cruzam no ar sem se tocarem, engastadas na rocha e em balanço sobre o vazio de centenas de metros, claramente visível através da grade de piso metálico industrial. Uma incrível obra de engenharia e uma linda plataforma de contemplação dessa impressionante paisagem. Depois de absorver o cenário, sentamos no terraço ensolarado para almoçar. Os guarda-sóis já haviam sido fechados porque a brisa tinha se intensificado e nuvens começavam a lançar sombras itinerantes sobre as mesas, mas os corvos não se importaram com a mudança e ficaram de olho nas nossas batatas fritas.


A descida poderia ser pelo mesmo caminho ou seguindo por um percurso circular que incluía uma trilha a pé. O funcionário disse que a trilha era curta e adequada a principiantes, mas não chegaríamos à segunda estação de teleférico antes da trovoada que se aproximava, e nos aconselhou a voltar dali mesmo na próxima cabine.


A descida foi com dose extra de emoção: de dentro do teleférico era possível ver as montanhas a oeste cobertas com uma grossa cortina de chuva que se deslocava rapidamente para leste. Com um minuto de descida os primeiros pingos de chuva nos alcançaram e o operador na cabine recebeu, por rádio, a comunicação do controlador avisando que o vento estava muito forte e por medida de segurança voltaríamos à estação superior. A velocidade diminuiu até pararmos. Ficamos estacionados, suspensos e balançando suavemente, com a chuva castigando os vidros das janelas, até que o vento diminuísse e a gôndola parasse de balançar, o que levou mais tempo que o percurso feito até então. O procedimento de retorno foi a uma velocidade bem reduzida e pareceu levar uma eternidade. De volta à plataforma superior, aguardamos mais 15 minutos e todos que estavam lá quiseram descer também para fugir da tempestade. A volta ao vale foi com a cabine lotada e o íntimo repleto da beleza sensorial proporcionada pelo encontro da força dos elementos da natureza com o domínio da ciência e da estética pelo ser humano. Foi seguro e foi fantástico!



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Subida de teleférico à plataforma Alpspix - primeiro trecho (video: Bárbara)

Subida de teleférico à plataforma Alpspix - segundo trecho (video: Bárbara)

Plataforma Alpspix - para portadores de necessidades especiais (video: Gilson)

Plataforma Alpspix (video: Bárbara)

Descendo da Plataforma Alpspix antes da tempestade (video: Bárbara)

Aguardando o vento diminuir para retornar a Plataforma Alpspix (video: Bárbara)


No vale não havia nada que indicasse a passagem de uma trovoada e nossos capacetes continuavam secos. Retornamos pelo mesmo caminho e desta vez paramos na oficina onde o mecânico aplicou um desengripante na pinça flutuante do freio traseiro acreditando que resolveria o problema, mas foi um paliativo que se mostrou insuficiente no final do dia. Eram quase 17 horas, e ao invés de voltar pro hotel, atravessamos a ponte de Echelsbach sobre o Rio Ammer e seguimos um trecho em que a Deutsche Alpenstraße e a Romantische Straße seguem o mesmo traçado. Seguimos na direção de Füssen até uma placa marrom que indicava o acesso a igreja de Wies.


A estrada de acesso segue por uma área de proteção ambiental onde o bosque fica nas partes altas e nos baixios algumas clareiras com banhados. A temperatura baixou, e saindo do bosque abre-se uma grande planície verde. De longe é possível ver a pequena comunidade rural de Wies se agrupar em torno daquela singela igreja clara com telhado vermelho e uma torre de cobertura curva, a Igreja de Peregrinação de Wies, classificada Patrimônio Cultural da humanidade pela UNESCO desde 1983 (Link abaixo).


A ambiência é linda! Chegamos a um gigantesco estacionamento sombreado por árvores que deve ser pago nos parquímetros (nós não pagamos). A estrutura de apoio é capaz de atender centenas de pessoas, com restaurantes, banheiros e as irritantes bancas de lembrancinhas chinesas. Um caminho estreito sobe a suave colina em direção à igreja, que já não parece pequena quando se galga os degraus que dão acesso ao pequeno Hall escuro.


Enormes portas de folhas duplas que se fecham com contrapesos primitivos bloqueiam o vento e dão acesso ao interior. Mais três degraus acima e a luz vinda das janelas altas e do óculo e cores alegres das pinturas do forro recebem os peregrinos e convidam a caminhar por trás de um conjunto de colunas gêmeas que demarcam o espaço oval da nave e escondem um corredor sem ângulos que possibilita o deslocamento dos fiéis, conduzindo-as do altar lateral ao altar principal para em seguida redirecioná-los à saída passando por outro altar lateral. Da simplicidade da base tudo se transforma em cores, formas e luminosidade rococó a medida que o olhar sobe em direção à luz. Seria conveniente deitar no chão para ver os afrescos e estuques, mas deitar não é suficiente, pois há as talhas, as esculturas em mármore e os trabalhos em ferro. É muito para se ver, tanto que quase não se percebe os turistas chineses que fotografam tudo. Então, melhor sentar nos bancos da nave e apenas aguardar o encantamento se acalmar e fazer uma modesta oração de agradecimento.


Saímos da igreja, que no verão permanece aberta à visitação até às 20 horas, e fomos tomar um sorvete no restaurante. A movimentação ali era de final de expediente e pedimos cada um uma taça de sorvete. A cansada garçonete, que finalizava os preparativos para fechar o estabelecimento, recebeu agradavelmente surpresa e agradecida as taças vazias que levei para ela no balcão. Dali, retornamos ao hotel, atravessando o bosque e seguindo o percurso da vinda. Chegamos às 18h30min, com tempo suficiente para descarregar tudo, tomar banho, sentar na sacada para ver o pôr-do-sol do solstício de verão, antes de descer para jantar no Stammtisch, que na cultura alemã e austríaca, designa a mesa cativa onde se reúnem amigos para beber, comer e conversar. Naquela noite sentamos com Hans e Elisabeth, proprietários do hotel, e um casal de clientes nativos e cativos, que com seu jeitão bávaro, espontâneo e direto, e sua forma regional de falar, nos fizeram beber de sua cerveja e beberam a nossa sem a menor cerimônia.


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O dia em números:

  • Duração do percurso de teleférico: 15 min.

  • Solstício de verão: por-do-sol 21h09min.

Deslocamento:

  • Deslocamento = 100 km ≈ Duração = 2h

  • Início: 9h30min. ; Fim: 18h30min.

Despesas:

  • Combustível € 0,00

  • Estacionamento € 0,00

  • Hospedagem € 70,00

  • Alimentação € 58,07

  • Ingressos € 54,00

  • Moto (peças e serviços) € 7,00

  • Presentes € 0,00

  • TOTAL: 189,07

Serviço:

 

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