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12° Dia: Definindo o ritmo da viagem - Entre Epscheid e Rothenburg ob der Tauber

Atualizado: 24 de ago. de 2021

Rothenburg ob der Tauber, 18/06/2018 - segunda-feria


Bateu um pouco de ansiedade. A viagem realmente começou nesse dia, e estávamos conduzindo uma moto que ainda guardava alguns segredos e consumia combustível num volume maior que o esperado. Gilson temia que pudesse ser algum problema no filtro de ar ou no carburador, mas seguimos viagem esperando que o tempo esclarecesse o que deveria ser feito. Ela estava rodando a 17 km/l na autoestrada e, sem marcador de nível de combustível, contava apenas odômetro parcial para auxiliar no controle. Sabíamos que precisávamos abastecer a cada 240 km, mas nosso roteiro nos levaria ao interior da Alemanha e não sabíamos como era a estrutura de postos de combustíveis por lá... O gigante Volker nos emprestou um tanque reserva de 5 litros para não termos mais nenhuma surpresa desagradável com o consumo da nossa moto, apelidada carinhosamente de Brigite. Antes de pegar a estrada fomos ao supermercado comprar extensores para fixar melhor a bagagem que agora incluía também o desajeitado "galão". AS cintas que compramos não deram bom resultado, então Gilson foi procurar numa loja ao lado enquanto eu voltava ao supermercado para trocá-las por outro produto, mas não foi preciso porque devolveram o dinheiro sem fazerem qualquer questionamento. Achei ótimo!


Sauerland é uma região montanhosa e pouco povoada a 120 km de Colônia (Köln), não é propriamente um destino turístico de estrangeiros, mas é uma região do país que realmente gosto muito. Apesar de ter a economia centrada na indústria metalmecânica, é uma terra muito linda, com suas montanhas cobertas de florestas e com minúsculas a médias cidades banhadas por rios limpos que correm pelos vales, um deles é o Ruhr que tem sua nascente aqui. É a terra verde dos meus primos ruivos, e esse primeiro trecho de Epscheid até a A45 foi bem representativo, serpenteando entre as montanhas.


Pouco antes de entrar na autoestrada, abastecemos e calibrados os pneus num posto self-service. Ao terminarmos o abastecimento e Gilson subir na moto para deixá-la mais próximo à entrada, os funcionários pensaram que sairíamos sem pagar, e o enorme funcionário perguntou, discretamente, mas com expressão desconfiada qual bomba havíamos usado. Respondi que ainda não tínhamos terminado pois ainda queríamos usar o banheiro e almoçar. De suspeitos de calote passamos a clientes VIP, com direito a sorrisos, gentileza e simpatia, tudo espontâneo, típico dos habitantes da região.



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Assim começou nosso deslocamento, com uma rotina que se repetia quase diariamente - café da manhã prolongado na companhia de anfitriões amigos, carregamento e fixação das bagagens na moto, compras no supermercado, abastecimento da moto, pegar a estrada. Chegamos na autoestrada às 13h e percorremos a rota traçada pelo Googlemaps até Rothenburg ob der Tauber. Decidimos o destino na noite anterior depois de consultarmos a previsão do tempo que anunciava chuva para a outra opção que pensamos conhecer.


Rodamos pela rede de estradas alemãs, um emaranhado de rodovias que se conectam e distribuem o fluxo desta região industrial para todas as demais regiões. Superfícies perfeitas, sem depressões ou costuras e sem limite de velocidade nos permitiram seguir o fluxo das pistas da esquerda entre 120 e 140 km/h. Passamos pelas A45-A3-B8-A7. A cada mudança de rodovia era preciso ficar atento na saída correta pois é comum haver duas, e às vezes três saídas a poucos metros uma da outra. Sem um batedor, o Maps nos conduziu com tranquilidade.


Gilson adorou rodar na autoestrada, só não gostou de usar o GPS e preferiu confiar a tarefa a mim que transmitia as instruções usando os sinais que tínhamos combinado em Hamburg. Paramos três vezes para descansar ou abastecer nos pontos de parada e descanso que são distribuídos regularmente ao longo das autoestradas. Sentados ali nos bancos metálicos ou de madeira era certa a chance de ser confrontado com o Efeito Doppler na rodovia. Antes de subir na A7 fiquei sem bateria no celular porque não me ocorreu de levar a tomada USB para trás, onde poderia manter o celular ligado na bateria da moto e usar o navegar ao mesmo tempo.



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Ao longo da A7 passamos por uma paisagem predominantemente agrícola, com grandes plantações do que parecia ser trigo. Uma enorme linha de energia cruzava a autoestrada, havia também muitas turbinas eólicas de geração de eletricidade, e muitas usinas de energia solar, algumas para geração de eletricidade e outras para aquecimento de água. Estávamos indo para o sul da Alemanha - ao encontro das terras ensolaradas. Nas proximidades de Adelshofen, a sul de Würzburg, abandonamos a autoestrada para o destino programado do dia. Paramos numa linda pousada em Tauberzell, uma minúscula aldeia rural, onde pretendíamos dormir naquela noite. Ainda havia um quarto amplo e confortável disponível, mas a recepção pela recepcionista cansada foi tão fria e desinteressada que mudamos de ideia e decidimos continuar até Rothenburg ob der Tauber, seguindo um caminho identificado por placas marrons "Liebliches Taubertahl" (adorável vale do rio Tauber).


Embora já fosse tarde, esse trecho foi sem dúvida o mais bonito do dia e o microclima do vale era acolhedor, havia uma suave bruma que começava a se formar sobre rio e o trajeto acompanhava sinuosamente o vale do Rio Tauber, alternando planícies e suaves colinas, entre campos cultivados e pequenas aldeias rurais. A medida que nos aproximamos de Rothenburg, as vinhas passaram a dominar a paisagem. Nós ainda não sabíamos, mas esse trecho também é o traçado de duas outras belas rotas turísticas, a Romantische Straße (Rota Romântica) e a Weinstraße Taubertal (rota dos vinhos do Vale do Tauber).




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Chegamos em Rothenburg às 20h e paramos no primeiro hotel após entrarmos na cidade. Toquei a campainha e um senhor nos atendeu desconfiado e cauteloso, mas nos convidou para ver o quarto que era amplo e confortável, e embora estivesse acima do valor que pretendíamos pagar, decidimos ficar porque a cautela inicial cedeu espaço para simpatia. Já era tarde e não tínhamos comido nada desde o almoço, combinamos então que iríamos jantar antes que os restaurantes fechassem às 22 horas. Perguntamos onde poderíamos comer algo quente, gostoso e barato, sugeriram o restaurante italiano atravessando o portão principal da muralha que cerca o núcleo histórico.


Sem descarregar a moto, seguimos direto ao portão medieval indicado e o atravessamos. O impacto de estarmos ali, apenas nós, a moto e alguns passantes, naquela rua estreita com paralelepípedos brilhantes iluminados pela lua, foi ímpar! No restaurante italiano, enquanto esperávamos nosso pedido ser servido, Gilson comentou que para sua felicidade estar completa só faltava encontrar alguém com quem ele pudesse conversar em português. Foi quando nosso vizinho de mesa se virou e perguntou com um carregado sotaque goiano: "vocês são brasileiros?"



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O dia em números:

Epschied-Rothenburg

Deslocamento:

  • De Epscheid a Rothenburg ob der Tauber

  • Distância percorrida = 395 km ≈ Duração = 4h30m

  • Início: 11h - fim: 20h

Despesas:

  • Combustível € 28,66

  • Moto (peças e serviço) € 0,00

  • Estacionamento € 0,00

  • Transporte público € 0,00

  • Hospedagem € 80,00

  • Alimentação € 28,12

  • Ingressos € 0,00

  • Presentes € 12,42

  • Outros € 5,97

  • TOTAL € 155,17

Serviço:

 

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