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  • Foto do escritorBárbara

19° Dia: Palácio de Linderhof e Parque Natural dos Alpes de Ammergau - Nos Alpes Bávaros

Atualizado: 24 de ago. de 2021

Bad Bayersoien, 25/06/2018 - Segunda-feira


Amanheceu chovendo. Decidimos adiar por mais um dia a travessia dos Alpes por causa dessa previsão. Então aproveitamos para dormir até tarde e voltamos pra cama depois do café da manhã. Foi restaurador.


A programação do dia era visitar o Parque de Linderhof, com um dos três palácios que o Rei Ludwig II mandou construir e o único que chegou a ver concluído.


Almoçamos no Ettaler Mühle, em Ettal, um restaurante pequeno, de comida regional e administração familiar, com boa avaliação no Google. As mesas e cadeiras do Biergarten, à entrada, estavam cobertas de grossas gotas da chuva que tinha caído há pouco. O ambiente interno era aconchegante, colorido, decoração tirolesa, quentinho. Parecia que estávamos entrando pela cozinha, na dúvida, perguntei e, com bom humor, nos convidaram a entrar, conhecer a cozinha e sentar no "salão".


A primeira mesa estava ocupada pelos proprietários das duas motos que estavam lá fora e mais duas pessoas que não pareciam fazer parte do grupo, mas a conversa estava animada! Dentre as 4 mesas disponíveis escolhemos a única vazia. Uma garçonete vestida com tradicional traje bávaro e, segundo Gilson, a mais linda que ele já viu, anotou nossos pedidos. Em seguida, um casal pediu licença para sentar conosco, fizeram seu pedido e, por causa das Selfies, engrenou uma conversa bacana. A comida foi chegando, os copos de cerveja sem álcool esvaziando e a conversa ficando envolvente.


Pagamos nossa conta, mas a deles foi negociada: a cliente se queixou que seu prato estava com a parte do fundo queimada, portanto só valia a metade do preço do cardápio. A garçonete, surpresa, criticou que o momento de fazer qualquer queixa foi quando ela retornou nos primeiros minutos perguntando se estava tudo a gosto. A réplica da cliente foi que naquele momento ainda não tinha chegado na parte queimada, portanto não havia o que dizer. Observei aquele diálogo frio e objetivo num misto de surpresa e admiração. Os nossos pratos estavam excelentes a ponto de limparmos todos os resquícios do molho! Enquanto o problema era levado ao cheff, nos despedimos do casal e nos preparamos para sair. A garçonete voltou com a conta corrigida e reduzida à metade. Ela não estava feliz, mas não queria macular o nome do restaurante. A cliente, ao contrário, estava muito satisfeita. Lá fora, chegou a se virar para nos dar um tchau de longe, enquanto caminhavam pela trilha que os levou de volta a pousada rural onde estavam hospedados.





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O restaurante fica no entroncamento da Deutsche Alpenstrasse com a St2060, estrada rural que leva ao Palácio de Linderhof. Esta estrada tem seu traçado seguindo um vale estreito, passando por algumas aldeias e roças que se espremem até o sopé das montanhas com encostas densamente arborizadas.


Numa curva uma placa identificava o atelier de um artesão de esculturas de madeira. Havia várias cabines elevadas de observação de vida selvagem e numa área descampada um fotógrafo aparatado com uma gigantesca teleobjetiva aguardava o momento de uma aparição, olhando para o alto.


Não sabíamos ainda, mas estávamos no coração do Parque Natural dos Alpes Ammergau, que se estende de Füssen à Zugspitze na fronteira com a Áustria, maior área intacta de Floresta Mista dos Alpes Bávaros. Foi aqui que o Rei Ludwig II mandou construir esse pequeno palácio, o Linderhof, para sediar sua "cabana" de caça real.


O enorme estacionamento que parece um bosque de árvores nativas é alcançado atravessando o Rio Linder. Um entediado funcionário recebe o valor cobrado e informa que depois das 18 horas não se responsabiliza por veículos que permanecerem no local. Uma grande estrutura de apoio com banheiros públicos, restaurante e bancas de lembranças está instalada à frente da bilheteria e havia muitos turistas estrangeiros se movimentando naquele espaço.


A banca de lembranças cativou minha atenção porque tinha produtos regionais autênticos e escolhemos alguns presentes, água e guloseimas. O proprietário da banca era bem abusado e falava o dialeto bávaro mais carregado que o habitual. Ele desdenhou as moedas que eu contava sobre o balcão e que enchiam minha carteira dos muitos trocos exatos anteriores e que eu pretendia usar para aquela compra de pouco mais de 35 euros. Gilson, entendendo a expressão do proprietário da banca, juntou as moedas num movimento brusco fazendo menção clara de abandonar a compra. Perguntei ao proprietário se ele não queria o dinheiro. Ele pareceu surpreso por eu falar alemão, desviou os olhos, sentou e aceitou. Me livrei de quase todas as moedas, sem dó. Mas, mais adiante havia a loja oficial do Departamento de Administração dos Castelos da Baviera, com os mesmos produtos e com atendimento muito, muito melhor. Ali reencontramos a touca-cabeça-de-cabra-montanhesa que compramos e Gilson colocou e na cabeça porque era muito desajeitada para carregar de outra forma...


Faltavam 2 horas para o parque fechar, então optamos pelos ingressos simples que dão acesso ao parque, jardins e a maioria das construções das quais o interior do Palácio não estava incluído. Ao entrarmos no parque Gilson guardou seu celular no bolso interno da jaqueta, e não percebeu que ele deslizou entre o forro térmico removível (aberto na parte de baixo) e a jaqueta propriamente dita. Só percebeu a falta do celular 20 minutos depois quando quis fotografar e ficou super ansioso.


"Aposto que aquela senhora que nos cumprimentou sorrindo encontrou, ela caminhava muito encurvada."


Ele disse. Voltamos para bilheteria. Mal terminei de descrever o celular e a funcionária, que ouvia sorrindo, abriu uma gaveta e retirou um saco plástico transparente lacrado com o celular dentro e o devolveu a Gilson dizendo que uma senhora o havia encontrado e entregue na recepção. 7 a 1 pros alemães de novo!


A entrada do parque através da floresta, passando sobre um córrego, já é uma introdução do que está por vir. O Palácio branco e dourado é bem maior que eu imaginava, mas ele de fato parece pequeno e delicado em relação a paisagem onde está inserido. Tudo em volta é amplo, alto, largo, vasto, folhas, troncos e rochas. As formas verticais e diagonais rompidas e escarpadas do ambiente natural são um contraste absoluto com o projeto calmo, linear e simétrico do palácio eclético de inspiração barroca e seus jardins, implantado entre uma pequena elevação do terreno e a encosta escarpada e longilínea da cordilheira. A transição do ambiente construído para o natural se dá pelas grandes áreas gramadas e pelos caminhos, que hora margeiam a floresta, ora penetram nela para saírem em outra clareira gramada, dando acesso às construções funcionais ou temáticas que o projeto principal não contempla. É, rei Ludwig tinha um senso de estética apurado e sabia escolher um lugar para se instalar, bem ao gosto do romanticismo do século XIX.



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Gilson é muito observador: os mapas de localização instalados em lugares turísticos não facilitam a identificação do local onde se está naquele momento. Então, Gilson percebeu que essa falta de indicação foi produzida, sem querer, pelos próprios turistas. Observe o desgaste na pintura produzido pelo toque dos dedos/unhas.

O tempo passou e já era hora de fechar. Quem ainda permanecia apressou o passo para sair. Não tínhamos pressa. À frente da placa de localização conhecemos uma meteorologista, que olhava com curiosidade para Gilson. Ele deve ter parecido muito exótico batucando sobre a placa, falando uma língua que ela não entendia e vestido de motociclista com uma touca de cabra sobre os cabelos grisalhos. Ela era de Estugarda, trabalha num parque Nacional e estava numa viagem de férias de 10 dias. Pareceu encantada com o fato de termos 30 dias de férias seguidos para aproveitar numa viagem de moto num país distante. Fomos juntos até o estacionamento trocando impressões sobre o que tínhamos visto naquele dia e nos anteriores e nos despedimos na frente da banca. Agora éramos apenas eu e Gilson, parados ali no enorme estacionamento vazio dentro da floresta dos Alpes de Ammergau. Longe, do alto da cordilheira, vinha o chamado de um pássaro grande que era respondido a intervalos regulares, e se aproximava lentamente de onde estávamos. A densidade de folhas não permitia reconhecer o que era, mas era muito grande, castanho e pesado. O pouso sobre os galhos faziam-nos baixar e retornar a posição original para em seguida, após um novo piado agudo e estridente, baixar novamente e ser catapultado, indicando que a ave levantou voo, ela vinha na nossa direção. Logo ficaram visíveis a poucos metros de onde estávamos. Eram duas águias-reais que afugentavam não só os pequenos pássaros que cantaram a tarde toda, mas também os corvos que foram companhias constantes. Lembrei do fotógrafo no caminho para cá que olhava o céu, e me perguntei se ele teve a mesma sorte que nós. Eu não tinha o equipamento dele, e tive medo de desviar o olhar para procurar pela câmera e perder para sempre a visão à minha frente. Deixei a câmera onde estava e meus olhos também.



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O dia em números:

Deslocamento:

  • Trajeto de Bad Bayersoien a Linderhof e retorno

  • Deslocamento = 60 km ≈ Duração = 1h

  • Início: 13h - Fim: 19h30m

Despesas:

  • Combustível € 12,22

  • Estacionamento € 1,50

  • Pedágio: € 0,00

  • Hospedagem € 70,00

  • Alimentação € 31,50

  • Ingressos € 10,00

  • Moto (peças e serviços) € 0,00

  • Presentes € 33,99

  • Outros € 0,00

  • TOTAL € 158,61

Serviço:

 

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