Bárbara
- 23 de nov. de 2018

17° Dia: Brigite Sem Freio e Surpresa no Meio do Nada - Manutenção do Freio Traseiro

Atualizado: 24 de ago. de 2021

Bad Bayersoien, 23/06/2018 - Sábado

Ontem passamos em algumas oficinas da BMW para tentar fazer a manutenção do freio, mas sem sucesso, e em Munique para comprar pastilhas e fluido de freio. Hoje o dia foi sem turistar. Foi um dia de trabalho intenso em que nos concentramos em fazer a manutenção do freio traseiro da Brigite, pois a sequência da viagem seria cruzar os Alpes em direção à Itália.

Ficamos no pátio de hotel onde tivemos todo apoio dos proprietários Hans e Elisabeth que nos ofereceram o espaço, ferramentas e atenção. Gilson iniciou a manutenção com intenso apoio do vizinho, Franz, um fazendeiro criador de gado leiteiro, muito interessado em ajudar. Franz não falava nenhuma palavra em português, mas adorava ouvir Gilson falar, dava risada com o som do português e estava achando tudo muito exótico. Além de fazendeiro ele também é motorista do ônibus escolar e precisa organizar seu dia de trabalho para levar as crianças da comunidade à escola pela manhã e trazê-las de volta para casa à tarde.

Acostumado a fazer manutenção de seus tratores ele se antecipava e queria fazer o trabalho a seu modo bruto e intenso, interferindo com os procedimentos do metódico Gilson, deixando-o quase doido. Mas o Gilson não é apenas metódico, sabe lidar com pessoas. Como não estava conseguindo trabalhar do seu jeito, se ofereceu para ajudar o filho de Franz com suas duas motos que estavam com problema de embreagem. Sem falarem a mesma língua, os dois conseguiram se entender e descobriram o problema, embora não tenham resolvido porque precisariam substituir uma peça.

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De volta a Brigite, mas desta vez, apenas nós dois, pois Franz tinha trabalho a fazer na sua fazenda. Retomamos o trabalho, bem sincronizados, sem a confusão de mãos e línguas de antes. Minhas mãos ficaram completamente sujas de graxa da corrente, mas e não havia nenhuma mão limpa num raio de 10 metros para registrar. Enquanto trabalhava, Gilson comentava com admiração que Brigite ainda era uma moto toda original, estava equipada ainda com todas as peças com que saiu de fábrica.

Desmontamos, limpamos e lubrificamos o sistema da pinça flutuante, que estava travado, e substituímos o fluido de freio. Depois já com novas pastilhas do freio traseiro, remontamos o conjunto que voltou a funcionar livremente. Terminamos por volta das 16 horas e estávamos bem cansados, então depois de fazer um lanche, fomos descansar. Gilson dormiu profundamente e só acordou às 19h.

Pinça flutuante do freio traseiro da BMW F650 (Brigite) funcionando novamente. (video: Bárbara)

Ainda queríamos dar uma volta-teste, resolvemos procurar um lugar para jantar nas proximidades. Inseri "restaurante" no googlemaps e optei por um bem avaliado que ficava a 15 km do hotel indo por uma das 5 estradas no entroncamento da ponte Echelsbacher Brücke, onde nosso hotel está localizado, e por onde ainda não havíamos rodado.

O sol estava baixo e iluminava a paisagem com uma luz dourada, os pastos e as árvores nas colinas ganharam uma cor mais viva e nossa sombra nos acompanhava compriiiida ao nosso lado, subindo e descendo numa sucessão de colinas e curvas, passando por vários pequenos aglomerados de casas. O sol foi baixando e a quantidade de pinheiros aumentando, deixando tudo mais e mais escuro. Foi quando o Gilson perguntou se eu tinha certeza que o caminho estava certo, pois parecia que estávamos indo para o fundo da floresta e que nada havia ali além de frio, muito frio e escuridão. Resolvemos continuar porque o maps indicava faltarem apenas 1,5 km. Faltando 500m para o destino, havia uma subida íngreme no acesso a uma de casa de fazenda.

- Ok! Chegamos até aqui, vamos ver o que tem no fim dessa ladeira!

Lá em cima um Porsche Spyder e vários outros carros estacionados logo abaixo de uma típica construção tirolesa. Deixamos a moto estacionada e subimos a escadaria que conduzia ao terraço do restaurante. Entramos num ambiente lindamente decorado, quentinho e acolhedor. Uma simpatissíssima garçonete nos recebeu com boas vindas e nos ofereceu o cardápio. Optamos por pratos infantis, o que fazemos com frequência, por serem simples e serem apresentados com quantidade menor (a gente é contra o desperdício) além de serem mais baratos. Foi quando o prato chegou que tivemos a primeira surpresa, era simplesmente lindo de ver! Mas não era só, tinha um aroma e sabor absolutamente divino! Fiquei pensando como é possível transformar uma simples salada verde acompanhada de 3 fatias de pão levemente torrado e coberto com espessos pedaços de queijo de cabra (é, foi uma recaída, eu sei...!) em uma festa ao paladar e a um preço normal!

***7 a 1 pro googlemaps!***

Voltamos para nossa "casa" já com escuridão, o ar seco e frio crepitando nas narinas, estrelas no céu e o googlemaps nos guiando off-line. Deixando o pensamento vagar sinuosamente como a estrada, subindo e descendo, entre pastos, aldeias e bosques.

Foi uma maravilhosa surpresa e, até agora, a melhor refeição em restaurante que tivemos dessa viagem.

Boa noite e bons sonhos!