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21° Dia: Descanso em Merano / Itália

Atualizado: 24 de ago. de 2021


Merano, 27/06/2018 - Quarta-feria


Querida Flor de Cactus,

Querido Barba Ruiva,


O tratamento medicamentoso surtiu o efeito esperado no tempo que o médico previu. Gilson acordou feliz, é o primeiro dia, desde que começamos a viagem, que sua urina estava clara, sem vestígios de sangue. Ele, que desde o começo tinha receio de passar pelos Alpes, disse que as montanhas lhe fizeram bem. Sim, os Alpes mexeram com o ânimo de Gilson, mas a aventura de ontem consumiu bastante das nossas energias. Gostamos do lugar e da hospedagem que decidimos ficar um dia inteiro para apreciar a ambiência e a cultura dessa cidade onde se fala alemão e italiano.


Pela manhã ficamos na pousada, que está localizada num pequeno sítio em Lagundo, um bairro de Merano, e é administrada por três mulheres: mãe, filha e avó. O sítio tem plantação de macieiras, além de outras frutíferas para consumo próprio. Aqui ninguém tem medo do trabalho, as proprietárias fazem quase tudo e tem o apoio de uma faxineira sérvia e dois italianos que passaram o dia tirando o excesso de maçãs das árvores. Tomamos um slow-café-da-manhã no refeitório bonito e iluminado, e lavamos nossas roupas na lavadora que a proprietária disponibilizou para nosso uso, enquanto a filha ofereceu seu computador pessoal para transferirmos nossas fotos e vídeos para um HD externo.


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Almoçamos no Biergarten Forst, de propriedade da fábrica de cerveja Forst, vizinha da pousada, onde se transmitem jogos e corridas ao vivo. No entorno do Biergarten havia muitas motos estacionadas, tanto de clientes da cervejaria como dos hóspedes dos hotéis próximos. Alguns motociclistas estavam reunidos ali numa conversa alegre. Esperávamos um ambiente mais simpático, mas a impressão que se tinha era de tensão. Quando o garçom de short de couro chegou, ele nem esperou eu terminar o pedido, emitiu uma exclamação de espanto e virou as costas, logo após registrar o primeiro prato vegetariano que pedi em alemão e que tínhamos a intenção de complementar com um prato principal e uma sobremesa. Sei lá, vai ver ele achou que comida tirolesa de verdade fosse aquela costela que todos comiam a nossa volta e que massa fosse muito italiana para o gosto dele... quem sabe... O ambiente é muito bonito, mas o stress de todos os garçons tiraram-nos a alegria de estar ali. Comemos cada um seu prato vegetariano, que estava delicioso, pedimos a conta e pagamos. Recolhi todo o troco, olhando nos olhos do garçom, sem deixar gorjeta. Quis deixar claro que não gostei do seu atendimento. Ele entendeu. Gorjeta por aqui não está inclusa na conta, como no Brasil, e o usual é separar entre cinco e dez porcento do valor da conta para o que se mostrou uma ferramenta de avaliação da qualidade do serviço ou da comida (controvérsias à parte...).



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No caminho de moto até o Castelo Tirolo as placas de trânsito indicavam as direções e distâncias para Bormio, Livigno, Passo Dello Stelvio, e Umbrail Pass, que estavam mais próximos que eu imaginava e explicando porque este é um caminho para aqueles que gostam de explorar passagens de montanha.


Mais uma vez o trajeto foi bonito. Lá em cima, na vila Tirolo, ficamos na dúvida se podíamos entrar com a moto por aquele caminho estreito que seguia a curva de nível da montanha, pois as pessoas estavam nos olhando com expressão de censura, mas não vimos nenhuma proibição e o googlemaps indicava que o caminho que levava ao Castelo Tirolo, que pretendíamos visitar, era por ali mesmo. Ao perguntarmos, confirmaram que naquele caminho o trânsito de veículos motorizados era permitido apenas para os moradores. Sugeriram que seguíssemos somente até a pousada, logo ali em frente.


Na pousada perguntei a um alemão grandão, que empurrava ofegante seu carrinho de bebê ladeira acima, onde era a recepção e ele, distraidamente, indicou que o acesso à Kneipe (boteco) era por ali, nos fundos da construção de onde ele tinha vindo. Fui para a direção indicada e me deparei com um terraço estreito, com mesas e bancos, e uma impressionante vista sobre um vale profundo tomado de vinhas e a lateral do Castelo Tirolo, bem a nossa frente. Mais acima, onde a encosta da montanha ficava menos íngreme, havia sítios com casas, galpões e algumas culturas, cujo transporte se dá por tirolesas. A garçonete esclareceu nossas dúvidas com simpatia e atenção. Decidimos então ficar ali mesmo e tomar uma cerveja sem álcool e comer Kaiserschmarren com geleia de Himbeeren, enquanto rajadas de vento balançava ameaçadoramente os galhos da árvore acima da nossa mesa.


Nuvens escuras projetavam sombras gigantes sobre Lagundo no vale lá em baixo e dois gatos ariscos nos olhavam desconfiados esperando uma oportunidade de conseguir uma sobra. Aliás, a respeito de gatos: os alemães são seguros, abusados, turrões e, se você bobear, te mordem. Os gatos italianos são desconfiados e espertos, estão sempre atentos para não serem chutados e, se você bobear, levam teu lanche. Rá! Aqui deixei uma gorda gorjeta. Na saída do boteco, Gilson se encantou com uma moto Trial e a habilidade do piloto que manipulava sua máquina com técnica e domínio por aquele terreno acidentado.


Terminada nossa gostosa improvisação do dia, retornamos ao Centro de Merano e deixamos a moto estacionada no mesmo local onde paramos para comer ontem, assim que chegamos. Aqui também havia muitos motociclistas de idades variadas, solo ou com garupa, com motos predominantemente Racer e Big Trail, que voltavam alegres de seus passeios.


Caminhamos ao longo da Passeggiata d'inverno, calçadão beira-rio. Sem carros nas proximidades, era um lugar silencioso e o único barulho era do rio de águas claras que corria forte sobre o leito pedregoso, onde dava para ver os peixes. O paisagismo das margens reproduzia o ambiente natural, focado em plantas que exigem baixa manutenção e o que me pareceu serem espécies endêmicas. O caminho ao longo do Rio Passer é ensolarado e com vários lugares acolhedores. Seguimos toda extensão da Passeggiata e retornamos pela rua paralela, um calçadão para pedestres, cheia de boutiques, pequenos bares e cafés com mesas externas onde as pessoas sentavam ao sol no fim do expediente.





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Tirolo, Passeggiata e Rio Passer.

(Video: Bárbara)


A partir de dois dias de hospedagem tínhamos alguns benefícios concedidos pela secretaria de turismo, que nos davam direito a usar o transporte coletivo gratuitamente e cobria os bilhetes do teleférico, mas não chegamos a usar. Terminamos o dia fazendo compras no supermercado, para abastecer nosso kit piquenique da viagem que continua amanhã, e fomos dormir cedo.

 

O dia em números:


Deslocamento:

  • Dia de descanso

  • Deslocamento = 25 km ≈ Duração = 1h

  • Início: 14h - Fim: 18h


Despesas:

  • Combustível € 0,00

  • Estacionamento € 0,00

  • Pedágio: € 0,00

  • Hospedagem € 65,00

  • Alimentação € 57,03

  • Ingressos € 0,00

  • Moto € 0,00

  • Presentes € 0,00

  • Outros € 0,00

  • TOTAL € 122,03


Serviço:

 

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