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22° Dia: Mudança de Planos: Brennerpass e Deutsche Alpestraβe - Entre Merano e Walchensee

Atualizado: 24 de ago. de 2021


Walchensee, 28/06/2018 - Quinta-feira


Mudar é difícil. Implica abrir mão de algo planejado e abraçar um novo plano. O plano original era o que eu queria, o novo não me agradou. Deixar as Dolomitas para outra viagem foi triste, mas necessário, porque não estávamos seguros de que a moto daria conta no tempo que ainda tínhamos. Decidimos então antecipar o retorno para Hamburg, dormindo a primeira noite em Munique.


O retorno a Alemanha seria pelo Brennerpass, ou Passo Brennero, na fronteira da Itália com a Áustria, e por Mittenwald, no ingresso para Alemanha.


Pousada paga, moto carregada e corações tristes, optamos por tomar a autoestrada para chegarmos a Munique antes da chuva prevista para as 17 horas. Mas, por conta de uma encomenda feita por um amigo, chegamos a estrada pouco antes do meio-dia, e quanto mais tarde se começa uma viagem, tanto mais lentamente ela progride. E foi o que aconteceu e isso só contribuiu com minha irritação que me acompanhou por boa parte do trajeto. Portanto, sigam meu conselho, não façam encomendas a quem viaja, e não aceitem encomendas se forem viajar, a não ser que você seja um revendedor de produtos importados, não vale a pena pelo tempo desperdiçado.


Na saída de Merano pegamos uma rodovia estadual com pomares de maçãs nos acompanhando de ambos os lados e as belas montanhas do Alto-Ágide como pano de fundo até Bolzano, e ao longe se podia ver os picos das Dolomitas que eu tanto queria ver de perto.


Próximo a Bolzano entramos na autoestrada que é pedagiada. A alça de acesso é dupla e ocupa uma área enorme, com faixa de desaceleração, guichê automático para retirada do tiket informativo do início do percurso, e área de aceleração para entrada na rodovia. Pagamos em dois pontos da estrada, próximos às paradas que fizemos para abastecer e comer.


A rodovia foi surpreendentemente bonita, talvez porque eu não tivesse nenhuma expectativa em relação a ela. O traçado é ao longo dos vales formados pelos rios, acompanhando seu leito ora de um lado, ora do outro, com vários túneis e viadutos nos pontos de relevo mais difícil. Num aclive suave e pouco perceptível em função da velocidade alta, Gilson pesou na mão e andou o primeiro trecho quase todo a 130 km/h. A medida que se avança em direção a Áustria o vale estreita e as encostas tornam-se mais íngremes, por elas sopram rajadas de vento fortíssimas que tiravam a moto do prumo e faziam a cabeça do piloto balançar lateralmente com deslocamento de ar.


Lá embaixo o rio corria claro e forte sobre as pedras e a meia altura da encosta circulavam trens de passageiros e outros de carga transportando caminhões, carros e motos. Várias pequenas aldeias, cada uma com uma ou mais torres de igrejas e quase todas com uma pequena fortificação medieval nos pontos mais altos do relevo. Lembrei do casal que almoçou conosco um dia antes de fazermos o Passo Rombo (Timmelsjoch), eles sugeriram a passagem pelo Brennerpass pela estrada antiga, que corre paralela à autoestrada, sem pedágio e, segundo o casal, muito cênica. Sim, lá estava ela, acompanhando as curvas de nível da cadeia de montanhas.


Quanto mais avançávamos, mais baixas ficavam as nuvens e se misturavam com a evaporação que subia dos pinheiros, fazendo-me lembrar de uma música do grupo Kansas que o Paulinho mandou outro dia e que fiquei cantarolando dentro do capacete por vários quilômetros (ouça aqui):


"I close my eyes, only for a moment, and the moment's gone All my dreams pass before my eyes, a curiosity Dust in the wind All they are is dust in the wind"


A chuva nos alcançou no Brennerpass, onde paramos para comer e descansar um pouco, mas aí meu ânimo estava mudado e ela não me perturbou mais.




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Na Áustria o cheiro dos pomares foi substituído pelo cheiro penetrante e amoniacal das fazendas de gado leiteiro. O frio cresceu, o vento diminuiu e o asfalto melhorou. A chuva intermitente caia, parava e voltava a cair em intervalos irregulares. Passando pelo penhasco de Innsbruck ela deu trégua e nos permitiu apreciar a beleza daquele maciço que mais a frente subiríamos para chegar a Alemanha por Mittenwald, um vilarejo de fachadas pintadas com figuras que contam histórias. Enquanto isso nossa história transcorria debaixo de uma chuva grossa e pesada e ainda faltavam 135 km até Munique.


De tantos trajetos possíveis para chegar a Munique optei pelo que se dá por uma rodovia estadual a partir de Mittenwald, por um trecho da Deutsche Alpenstraße, a estrada de férias mais antiga da Alemanha, por ser uma rota muito procurada por motociclistas. Caramba! Estou convencida que a construção de estradas é uma arte, esse trecho é mais um que é fantástico mesmo embaixo de chuva!


Faltando 115 km do destino do dia, chegamos ao Walchensee, e o Gilson ficou encantado com o lago. Com muito frio e molhados decidimos ficar aqui mesmo, a 50 metros do lago.


Banho de banheira com água bem quente pra fazer o sangue voltar a circular e cama, a 70 euros a diária com café da manhã e a perspectiva de amanhã dar uma volta na beira do lago.


É, mudar pode ser bom.



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- Relato do Gilson:


"Saímos com muita chuva desde a Itália. Entramos na Áustria com muita chuva. Andamos por 200 quilômetros, dos quais, 90 na chuva.


Minha roupa de chuva não é das melhores. Começou a entrar água em uma das botas, e no meio das pernas. Faltavam 116 quilômetros para chegar em Munique. Parei numa loja boutique para bicicletas. Vimos uma roupa para andar na chuva por €100, muito caro. Passei no supermercado e comprei sacos plásticos e uma fita adesiva. Fertig!


Andamos por mais alguns quilômetros. Mas resolvi parar porque estava muito frio. Encontramos um hotel relativamente barato e muito aconchegante. €35, por pessoa. Na beira de um lago. Com banheira no quarto. Água fervendo. Tive que esperar esfriar? Cosa linda!"



Passo Brennero (Brennerpass) e Deutsche Alpenstraße


 

O dia em números:


Deslocamento:

  • Trajeto de Merano a Walchensee

  • Deslocamento = 205 km ≈ Duração = 2h30m

  • Início: 11h40m - Fim: 18h


Despesas:

  • Combustível € 31,35

  • Estacionamento € 0,00

  • Pedágio: € 16,00

  • Hospedagem € 70,00

  • Alimentação € 26,06

  • Ingressos € 0,00

  • Moto (peças e serviços) € 0,00

  • Presentes € 20,00 (encomenda)

  • Outros € 11,40 (1,40 de uso de BWC em posto + 10 pela saboneteira de vidro que quebramos no hotel!)

  • TOTAL € 174,81


Serviço:

 

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