Bárbara
- 24 de out. de 2018

6° Dia: Pane no Meio do Congestionamento - Providências e Adaptações em Hamburg

Atualizado: 24 de ago. de 2021

Louis Verkauf ab Lager, Südderstrasse (Foto: Gilson)

Hamburg, 12/06/2018 Terça-feira

Daqui a dois dias começaremos nosso roteiro de moto, precisamos nos adaptar a ela e providenciar algumas coisas que ainda estão faltando. Por isso, a prioridade do dia foi voltar às lojas de artigos para motociclistas da Louis. Além daquelas três que já conhecíamos, indicaram ainda o depósito da empresa na periferia da cidade que tem também um ponto de venda.

Este seria também meu dia-teste como navegadora pois Gilson não gosta de usar GPS e desistimos da compra de intercomunicadores por estarem caros demais, então eu teria que encontrar uma forma de passar as instruções de navegação pra ele a partir da posição de garupa...

A primeira ideia, de usar toques, não deu certo. A roupa de cordura é muito grossa e não facilita a comunicação. Ensaiando alguns gestos, percebi que ele os visualizava melhor quando eu sinalizava com a mão esquerda, a dificuldade era posicionar a mão na altura correta para entrar no campo de visão dele, sem obstruir a visão periférica. Adaptei alguns gestos de ciclismo, esticando o braço esquerdo à frente e usando a mão para sinalizar as direções. Simples, meio bobinho, mas funcionou que é uma beleza! Atravessamos Hamburg inteira, passamos em todas as lojas da Louis, da autoestrada ao beco, da periferia ao Centro, e funcionou! Rá! Côza másh quirída!

Então, a primeira providência foi trocar o capacete escamoteável do Gilson, que apresentou um defeito na trava que fixa a queixeira do capacete na posição aberta. Também procuramos por uma mala de tanque e conseguimos uma de boa qualidade com preço ótimo! Além disso, ainda precisávamos comprar luvas, uma ingenuidade não ter trazido as nossas do Brasil, mas só encontramos um par para mim. Para Gilson, estavam todas muito caras e ele não estava disposto a gastar tanto. Ficamos tentados a comprar calças de cordura, provamos várias mas, uma combinação de fatores nos desestimularam a compra. Por fim, compramos também o spray de corrente.

Na hora do pagamento rolou resistência do caixa em relação a nota de 200 euros, mas acabaram aceitando depois de insistirmos. Já sabíamos que isso provavelmente aconteceria com notas de 200 e 500, que são as notas mais falsificadas na União Européia. No primeiro dia de compras foi igual, não quiseram aceitar a de 500, mas Gilson insistiu e acabou despertando a simpatia do gerente, que atravessou a rua e foi ao banco trocar a nota (se fosse falsa não a veríamos de novo), e ainda ganhamos balinhas Haribo, que eu adoro.

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Terminada a obrigação do dia, voltamos ao Centro Comercial de Mundsburg, no bairro onde minha mãe estava hospedada, para procurar um celular pro Gilson.

Caramba! Como os Hamburgueses gostam de buzinar nos cruzamentos! Ficam no celular enquanto o sinal está fechado, não percebem que o sinal abriu e os que vêm atrás quando o sinal fica verde já começam o buzinar! Motoristas são iguais não importa em que parte do mundo estejam... Nós também sofremos uma tentativa de desmaterialização por buzina quando trocamos de faixa no semáforo que tinha acabado de fechar: a motorista do conversível, que tentava passar no sinal vermelho e não pôde por nossa causa, buzinou e ficou fazendo cara de enjoada. Nada que uma encarada firme não resolvesse. Os ciclistas também são muito abusados, querem andar em velocidade incompatível com lugares cheios de pedestres, considerando que os passeios de pedestres estão quase sempre no mesmo nível da ciclofaixa e nessa área não há divisão física que garanta a segurança dos dois lados.

No Centro Comercial, achei interessante a área de privacidade demarcada no chão em frente ao balcão de informações, um completo contraste, e talvez por isso mesmo necessário, com o comportamento nas filas dos caixas em supermercados, onde os clientes tem um mau hábito de quase encostarem-se a quem está à frente na fila do caixa, pressionando o caixa a passar as compras à velocidade relâmpago. Muito desagradável! Sem contar que deve ser um stress para os operadores de caixa. Esse foi um dos motivos pelos quais gostei das pequenas mercearias, geralmente comandadas por pessoas de outras nacionalidades. Andamos por todas as lojas do shopping, mas acabamos não encontrando um celular como o que o Gilson queria.

Passamos novamente no apartamento da Hilla, para dar um oi e ver se precisavam de alguma coisa, depois tomamos o rumo de volta para "nossa casa" e foi aí que tivemos uma pane, no meio da hora do rush! Estávamos numa avenida de três pistas completamente lotada de veículos em trajeto do trabalho para casa, o sinal fechou e paramos na pista do meio. O semáforo estava longe, bem lá na frente. Quando o sinal abriu a moto apagou. A inércia dos veículos na nossa frente era grande, Gilson tentou dar a partida algumas vezes, até os carros próximos começarem a andar, quando desci e ajudei a empurrar a moto para o único espaço que havia entre um canteiro de obras e a pista de rolamento. Todo mundo passava olhando e Gilson pensando... Era uma pane elétrica, nada movido a eletricidade funcionava, e para chegar aos fusíveis tivemos que descobrir como tirar banco. Os fusíveis estavam íntegros, então... a bateria. Hum, a bateria era novinha, então os cabos... Mais ou menos! Os parafusos que fixavam os cabos à bateria tinham se soltado por causa da vibração excessiva da moto rodando em baixa velocidade. Com uma chave allen do kit original da moto, Gilson fez o reaperto como deve ser feito e a moto voltou à vida. Gilson deu uma piscadinha pra mim e disse "fertig"(pronto). O procedimento levou dois ciclos de semáforo, no terceiro já estávamos rodando de volta pra Harburg.