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3° Dia: Bota um bigode, que eu preciso te contar uma coisa... - Turismo em Hamburg

Atualizado: 24 de ago. de 2021


foto: Gilson Maia

Hamburg - 09/06/2018 - Sábado


Estávamos livres nessa manhã, então antes de tudo, o Gilson foi à cabeleireira para cortar o cabelo, que ele havia agendado no dia anterior. Na volta, reparamos os objetos colocados nas calçadas para doação e ficamos impressionados com a boa qualidade e estado deles. Escolhi dois livros de culinária para levar pra casa.


Eram 9h30m quando estávamos parados em frente aos contentores de lixo analisando a separação e a coleta, quando Gerhard abriu a janela do seu quarto e perguntou para onde estávamos indo.


– Já voltamos, estávamos no cabeleireiro! -


Ele ficou surpreso de estarmos ativos tão cedo e sugeriu que fizéssemos uma caminhada no bosque, porque estar na Alemanha e não fazer uma trilha no bosque é como ir a Itália e não comer pizza.


Na rua de Gerhard as casas à direita são de moradores proprietários, enquanto os prédios à esquerda pertencem à Associação Ferroviária, que ocupa uma quadra inteira com apartamentos de aluguel relativamente baratos, o que torna essa rua multicultural, com famílias de várias nacionalidades e/ou mistas, muitas delas amigas e frequentadoras das casas de Gerhard e Brigitte.


Deveríamos dobrar a esquerda e descer na direção do bosque, mas Gilson não estava convencido que no bosque não tem lobo e que a volta não precisaria ser subindo a ladeira íngreme. Preferiu ficar ali, estudando aquela instalação de um projeto de calefação que usa o conceito de bomba de calor de absorção, assunto frequentemente abordado no laboratório onde Gilson trabalha. Não posso negar, fiquei encantada também, complementarmente ainda havia coletores solares e horta comunitária! - Esses alemães são foda! - Gilson não cansa de repetir.


Convidamos Gerhard e Brigitte para um segundo café da manhã no jardim. Eles são mesmo pessoas muito interessantes, não é à toa que sejam as casa mais receptivas da rua. Conversamos bastante, Gilson sempre se esforçando para participar, apesar de não falar alemão, e Gerhard tentando facilitar, arranhando um espanhol.




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Almoçamos com Annika e Gerhard que preparou uma deliciosa refeição vegetariana, embora apenas eu o seja. Foi um alegre reencontro desde a última vez que estivemos com Annika em Florianópolis, onde ela teve um exótico e autêntico vislumbre do cotidiano de um nativo da Ilha (Gilson). Lembrando a dificuldade em entender o brasileiro, mesmo conhecendo o português de Portugal, Annika tentou ajudar Gilson a pronunciar algumas palavras com sons estranhos para um brasileiro. Só a frase "Ich spreche nicht Deutsch" (eu não falo alemão) é um verdadeiro trava-línguas. Os dois ficaram articulando os sons, enquanto eu e Gerhard nos esforçávamos para não rir daquela acrobacia lingual.


Annika nos acompanhou naquela tarde pelos pontos turísticos de Hamburg. Eu já conhecia a cidade, mas para o Gilson tudo era novidade e só quando chegou ao porto ele entendeu sua dimensão e importância. Dali seguimos ao Memorial da Segunda Guerra Mundial e no caminho Gilson dizia que queria muito poder encontrar um amigo ou colega para contar sobre as impressões que estava vivenciando.


O Memorial é a ruína da igreja neogótica de St. Nikolai, destruída durante a Segunda Guerra Mundial por bombas incendiárias lançadas durante a Operação Gomorra sobre a cidade. Foi mantida em estado de ruína em memória das atrocidades da guerra. Enquanto eu olhava para cima e fotografava os detalhes das paredes, Gilson observava um grupo de três rapazes que se aproximava:


- Jonas?! O quê você tá fazendo aqui?! -


Eram três graduandos de engenharia mecânica da UFSC, alunos do Gilson no Curso de Motores, estavam na Alemanha fazendo estágio e aproveitavam o final de semana para conhecer Hamburg. Então, naquele local de contemplação e reflexão, quatro brasileiros se abraçavam felizes, comemorando aquela incrível e pouco provável coincidência que não poderia ser desperdiçada.




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Do memorial seguimos até a Hafencity, bem perto dali, uma área cortada por canais onde fica o maior complexo contínuo de armazéns desativado do mundo (Speicherstadt). É uma área de ações polêmicas que recebeu uma intervenção de revitalização e conservação bem sucedida num espaço urbano histórico, e que abriga a Speicherstadt, patrimônio mundial pela UNESCO desde 2015 e o controverso Elbphilharmonie, um prédio novo e moderno multifuncional, sobreposto a uma construção histórica que extrapolou muitas vezes o orçamento inicial proposto. (sim, isso também acontece fora do Brasil). Essas ações de valorização provocaram como efeito colateral um boom imobiliário no entorno e fazendo daquela área o metro quadrado mais caro da cidade e levando a substituição da população local por conta dos altos custos de moradia, alimentação e serviços, um processo conhecido por gentrificação. As atividade que predominam hoje são museus, hotéis, restaurantes, empresas de mídia de comunicação, comércio especiarias e dutyfree de tapetes persas, há também moradias. O resultado? É limpo, conservado, chique, bonito e cheio de turistas, mas senti falta de algo, embora não saiba exatamente o quê é.


Gilson percebeu que quando se ouve alguém falar na rua pode-se ter certeza de que não é um alemão, a não ser que ele esteja dando bronca em alguém. Os alemães são discretos. A exigência pelo silêncio em zonas residenciais é forte a ponto de ser um critério de aceitação ou quebra de contrato em aluguéis de apartamentos. A cobrança pelo cumprimento dos direitos também é acirrada. A história que Annika nos contou exemplifica bem essa característica: Era um evento comemorativo, em que delegações de países africanos chegaram de barco naquele espaço revitalizado da Hafencity. Por conta da excelente acústica, foram recepcionados ali pelo grupo de percussão de tambores africanos do qual Annika faz parte. Mas os moradores dos prédios luxuosos, na área em frente ao pier de desembarque da comitiva, reclamaram do barulho dos tambores e pediram silêncio.


Não visitamos nenhum museu nessa tarde porque já era tarde e Annika que é terapeuta de osteopatias queria tentar uma de suas técnicas no pé da minha mãe que continuava sem melhorar. Na casa da Hilla, Annika aplicou sua curiosa terapia durante 20 minutos. Hilla nos cedeu o carro para conhecermos a cidade onde Annika mora no dia seguinte. Terminamos o dia no jardim de Gerhard, junto com os dois filhos de Annika, a própria Annika, Gerhard e Stela, a simpática estudante romena. Foi bem divertido! Não posso dizer nada sobre a carne grelhada preparada por Samuel, pois sou vegetariana, fiquei com a excelente salada. Gerhard demonstrou muita habilidade em entreter públicos de diferentes gerações, contando episódios engraçados de suas viagens e cantando músicas com acompanhamento no violão, com um uma naturalidade e espontaneidade de admirar.

 

O dia em números:

Deslocamento: Dia sem moto

Despesas:

  • Combustível € 0,00

  • Estacionamento € 0,00

  • Transporte público € 6,40 (Annika tem direito a um acompanhante por viagem com seu tiket mensal.)

  • Hospedagem € 0,00

  • Alimentação € 26,55

  • Ingressos € 10,00

  • Moto (peças e serviço) € 0,00

  • Presentes € 0,00

  • Outros € 16,00

  • TOTAL € 58,95


Serviço:

 

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