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  • Foto do escritorBárbara

15° Dia - O LAGO HINTERSEE E A JANELA DE BRUCK-De Bischofswiesen a Bruck an der Großglockenerstraße

Atualizado: 24 de ago. de 2021


Bruck an der Großglocknerstraße (AT), 08/08/2019 - quinta-feira
Maior quarto da viagem, até agora.

Era cedão e a bagagem já estava pronta para partirmos, só faltava inserir pijamas e nécessaire. Mas ainda não podíamos montar as malas na moto nem partir, porque primeiro precisávamos substituir o fluido de freio.

Substituindo o Fluido de Freio

Deixamos o trabalho para esta manhã porque o posto não tinha estrutura para o serviço e chovia demais no dia anterior. No hotel o pátio era amplo e tínhamos as ferramentas necessárias:


  • Fluido de freio indicado pelo fabricante;

  • Chave estrela 8mm, para abrir o parafuso do dreno (ou sangria) do fluido;

  • Chave Philips média (3/16") para abrir a tampa do cilindro mestre do freio dianteiro

  • Garrafa PET transparente;

  • Manguerinha transparente para visualizar o líquido se movimentando, com comprimento suficiente para alcançar a garrafa PET;

  • Pano para limpar eventual transbordamento;


O procedimento é simples, e mais fácil  em duas pessoas. Com a moto no cavalete central de forma que esteja bem nivelada, Gilson abriu a tampa do cilindro mestre, tomando o cuidado de completar o nível com fluido novo, porque não pode entrar ar no sistema.




Nessa condição, eu fiquei "bombando" o pedal do freio, acionando o freio traseiro, em torno de 5 vezes, e depois segurando o pedal com firmeza. Isso aumenta a pressão no interior dos pistões da pinça.

Com o pedal de freio no fundo, Gilson abria o parafuso da sangria localizado na pinça, movimentando a chave 8mm estrela, em torno de 1/4 de volta no sentido anti horário, para drenar o fluido através da mangueira para a garrafa PET apoiada no chão.

Uma vez drenado o fluido, fecha-se imediatamente o parafuso do dreno, enquanto se mantém o pedal de freio pressionado. Importante não soltar o pedal, pois assim o ar eventualmente diluído no fluido é expulso do sistema junto com o líquido de freio. Depois, deve-se completar o nível do fluido no cilindro mestre.

Repetimos o procedimento tantas vezes até que o fluido drenado era completamente novo, indicando que todo o fluido velho foi drenado para a garrafa. É possível visualizar através da transparência da mangueira e da garrafa a cor escura do fluido (Fluido velho) ou a cor límpida (Fluido novo).


1. Fluido velho; 2. Fluido novo

Repetimos o procedimento no freio dianteiro, completando a substituição nos dois sistemas de freio. Embora seja um trabalho simples, levamos em torno de duas horas entre colocar a moto no cavalete central e terminar de colocar as malas laterias, porque Gilson verificou também todos os outros sistemas e lubrificou ainda a corrente. A garrafa PET ficou no hotel, junto com os resíduos recicláveis, com a anuência do proprietário.



Aprendendo mecânica e manutenção com o Gilson.



Sair do hotel sempre leva mais tempo que eu gostaria. Entre colocar o pé para fora da cama e colocar o pé na pedaleira leva em torno de duas horas. Somando a isso às duas horas da revisão na moto, pronto! Lá se foi a manhã inteirinha...

Nosso próximo destino seria a estrada alpina do Großglockner, e o pedágio para ingressá-la ficava em torno de 140 km de distância de onde estávamos. Decidimos então pernoitar antes do pedágio da estrada para percorrê-la com calma no dia seguinte. Isso nos dava tempo, antes de sair da Alemanha, de conhecer o lago Hintersee, que não conseguimos visitar nos dias anteriores.


Hintersee - O Lago de Trás das Montanhas

Esta é uma região de muitos lagos, de todos os tamanhos que você possa imaginar. E em Berchtesgaden, onde a paisagem predominante é formada por cordilheiras, montanhas e vales apertados, os lagos ficam muitas vezes escondidos e acessíveis por estradinhas sinuosas que acompanham as curvas das montanhas. Nesse contexto Hintersee é o lago de trás das montanhas, aquele que é preciso ir em sua busca.

Passamos pelo passo Hochschwarzeck (1.039 m) na descida do hotel até a D305, que neste trecho pertence a rota da Estrada Alpina Alemã (Deutsche Alpenstraße). Seguimos por alguns aglomerados de casas e vários sítios com pastagens de verde intenso contrastando com os cumes rochosos.




Em 15 minutos chegamos ao estacionamento do parque onde o lago está localizado. Chamam esta parte da floresta de encantada. O riacho raso que corre sobre pedras mantém o nível do Lago e inspira um jovem escocês a equilibrar seixos e construir diques, embora as águas estivessem frias demais para mergulhar os pés descalços por mais que dois minutos. Passando a ponte há uma cabana de informações e um pequeno trapiche onde é possível alugar barcos a remo ou pedalinhos. Não vi nenhum barco a motor, provavelmente também aqui eles sejam proibidos. Perfeito! Água límpida, oriunda do degelo.

Muitas flores silvestres e pinheiros crescem a beira do Lago que é cheio de peixes e patos selvagens. Uma belezura em vários tons de verde! Se o ninho da Águia é poderoso e Königssee dramático, o Hintersee é pacífico.


Onde o lago Hintersse transborda no rio Ramsauer Ache.

Uma trilha segue pela margem do lago num roteiro circular, permitindo retornar ao ponto de origem. Mas só caminhamos por um trecho, para não deixar a moto com toda nossa bagagem sozinha por muito tempo. Mesmo sabendo que o país é seguro e que o risco de ser furtado é mínimo, é difícil controlar a ansiedade em torno da bagagem, mesmo que não carregue nada de valor... Ela sempre ocupa uma parcela da nossa atenção que deveria estar livre para viver o momento.


Não fizemos a trilha completa, voltamos ao estacionamento para buscar a moto, contornamos o lago pelo outro lado, e estacionamos em frente ao hotel-restaurante. Perfeito, estamos com fome! Vamos lá! Pedi um prato a base de batatas com uma salada verde divina e Gilson, que não é vegetariano como eu, pediu uma truta ao forno. Depois saímos a pé na direção da trilha aonde não tínhamos chegado e tomamos um delicioso sorvete no caminho.

Deste lado também há um trapiche para alugar barcos e pedalinhos e crianças e jovens competiam para ver quem chegava primeiro naquela estranha rocha ilhada onde um Pinheiro solitário vivia firme sem se importar com a ausência de solo.

A floresta volta a abraçar a trilha e as cores se tornam mais profundas. Daqui se vê o Watsmann, a 3ª  montanha mais alta no território alemão e que domina toda região de Berchtesgaden. Seus dois picos rochosos pontudos, unidos por um colo em meia-lua estão paralelos ao Lago neste ponto.

O Lago está completamente cercado pelas montanhas e o inverno deve inóspito por aqui. Mas hoje o calor é forte e o sol do meio dia não é diferente em intensidade do sol no verão brasileiro, tornando a sombra fresca da floresta mais que bem-vinda.



Gilson encontrou um cantinho entre algumas pedras e se aconchegou nelas para uma sesta. Enquanto ele descansava, continuei caminhando pela trilha onde várias pessoas faziam o mesmo, acompanhadas de seus cães. Um aspecto que me agradou muito nessa viagem, nunca vi tantos hotéis e pousadas que aceitam cães e gatos, talvez por isso este patudo peludo preto estava especialmente feliz e molhado quando correu a meu encontro. Como não se alegrar com ele? O tutor pediu desculpas, temendo reclamação da minha parte, mas logo percebeu que não era necessário.

A competição travada para chegar a ilha terminou e os alegres adolescentes despertaram a curiosidade do Gilson, que acordou de sua sesta.


Foi um ótimo e relaxante desvio de quase 4 horas! Como o tempo passou tão rápido não sei, mas era hora de partir. Antes disso, uma xícara de café com bolo naquela padaria em Ramsau, então sim, estamos prontos para nos despedir desta linda terra, e dizer olá para a Áustria. 



Uma Janela para a Áustria

O Maps indicou o caminho para a estrada alpina do Großglockner via Salzburg. Embora seja um belo trajeto preferi o sentido oposto, contornando aquele colosso que confina o Hintersee pelo Oeste, evitando assim as autoestradas. Não que eu queira me gabar, mas valeu! O asfalto é perfeito num trajeto sinuoso pelos vales, percorrendo novamente um trecho da Deutsche Alpentraße, atravessamos o belíssimo Schwarzbachwacht-Sattel, mudando de direção o tempo todo acompanhando as curvas de nível. As laterais dos pneus agradecem.

No território austríaco a topografia se manteve no início, depois o vale se abriu e a estrada passou a correr numa longa reta paralela à cordilheira e de onde se vê o Hochkönig (a mais alta montanha da região que estamos deixando para trás) até chegarmos a Zell am See, uma trégua para a atenção do piloto que as curvas lá trás testaram. Ainda bem que trocamos o fluido de freio. Tudo funcionou perfeitamente. 



Paramos numa vila para abastecer quando deu 17h. e seguimos nosso costume de fazer uma busca pelas opções de hospedagem nas proximidades, usando os filtros usuais: menor preço para dois e garagem. Fiquei apreensiva, as opções estavam MUITO reduzidas. Mais adiante havia uma possibilidade, embora o hotel não fosse do tipo que eu teria escolhido normalmente. Fazer o quê, alta temporada sem reserva dá nisso. O.K. Vamos lá!

Depois de passar pelo longo túnel de Zell am See, rodamos mais alguns quilômetros e abandonamos a rodovia. A cidadezinha era pequena e tinha um centrinho belíssimo! O Maps nos guiou para a ponte sobre o rio caudaloso com as águas turquesas do degelo. Era ali, aquele prédio com janelas emolduradas por pinturas imitando cantaria, típicas da região, em frente à Ponte, e com um bonito terraço cheio mesas e gerânios na calçada sobre a margem do rio.

Um único quarto duplo com café da manhã por apenas uma noite, era tudo o que tinham.


"Desculpe senhora, mas o quarto é na ala antiga, isso é problema? "
"De forma alguma, estamos felizes de termos encontrado um lugar disponível."
"Aqui está, subam pelo elevador, o quarto é no segundo andar à direita."


O ranger das tábuas do assoalho e os rostos sérios dos retratos em óleo sobre tela dos primeiro proprietários nos seguiram pelos corredores tortuosos daquela parte antiga do prédio. - Olha! A porta é dupla! - A de fora era uma imitação de porta de Castelo, com pranchões e 6 cm de espessura e, por dentro, a porta original antiga intacta que ao abrir revelou uma alcova iluminada com um belo lustre e um bonito mobiliário dos anos 50. E as roupas de cama eram adamascadas!. Tem capricho aqui que eu não esperava.


A minúscula janela também era dupla e, ao abri-la não pude deixar de sorrir! Gerânios vermelhos em primeiro plano, o Rio e a Ponte levando o olhar para o centrinho histórico e as altas montanhas dos Alpes Austríacos envoltos numa garoa que se aproximava. Era a mais bela vista de todos os quartos em que dormimos naquela viagem!




Depois de tomar banho e comer nossos sanduíches, descemos para lavar nossas roupas, pois já fazia muito tempo desde que tivemos acesso à uma máquina de lavar.


Enquanto esperamos o ciclo da Lavação se completar fomos conhecer o jardim e a piscina com duas italianas que também chegaram de moto naquele dia. Elas falavam e riam alto, exatamente como imaginamos que os italianos fazem. Estavam animadíssimas para percorrer a mesma estrada que nós viemos conhecer, a estrada alpina do Grosßglockner. Os maridos estavam descansando nos respectivos quartos e elas vieram conversar conosco, agitadas demais para ficarem paradas. Eles eram de Milão e tinham chegado de Salzburg, naquele mesmo dia, pela estrada que eu não quis percorrer porque a maior parte é por autoestrada. Já tinham passado pelas Dolomitas, na Itália, e pela Nockalmstraße, na Áustria, no trajeto de vinda e agora estavam retornando a Milão com suas gigantes BMW "miliduque", estacionadas na garagem coberta ao lado de nossa Brigite, fazendo-a parecer delicada.

Foi um dia completamente diferente do planejado, mas excelente. Gilson apontava pela janela do quarto para a rua:

-Olha! É uma banda! Para onde estão indo?


Os amigos mandaram parar de filmar e ir atrás da banda... Vamos?




Não esqueça: Make Life A Ride! Boas Curvas!

 

O Dia em Números:

Deslocamento: Trajeto de Bischofswiesen (DE) a Bruck an der Glocknerstraße (AT).


  • Distância percorrida de moto = 96 km ≈ Duração = 2h10min

  • Distância percorrida a pé = 3,5 km ≈ Duração = 1h

  • Início 11h30min - Fim 18h

  • Paradas e atrações: Hintersee (3h50min.) - Ramsau (30min.)


Despesas Básicas:

  • Deslocamento € 12,63

  • Hospedagem € 100,00

  • Alimentação 44,00

  • Ingressos € 0,00

  • SUBTOTAL A - € 156,63

Custos de manutenção:

  • Serviços: € 0,00

  • Peças: € 0,00

  • Ferramentas: € 0,00

  • Material de consumo: € 0,00

  • SUBTOTAL B - € 0,00

 
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