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13° Dia - KÖNIGSSEE - O Lago do Rei - Nos Alpes de Berchtesgaden

Atualizado: 25 de ago. de 2021


Obersee (Lago Superior)

Bischofswiesen, 06/08/2019 - Terça-feira

As colinas dos pré-Alpes Bávaros ficaram para trás. Estamos nos Alpes de Berchtesgaden, na Alemanha, junto à fronteira da Áustria e a 30 km de Salzburg. A montanha mais alta na região é o Hochkönig, no território austríaco, com 2.941m de altitude. Não é muito quando comparada a outras montanhas, mas a diferença de 2.181m entre seu cume e colo a torna a 6ª montanha mais proeminente dos Alpes. Essa característica domina a região, uma composição de montanhas muito altas, muito próximas entre si, formando vales profundos e estreitos dão a impressão de se estar entre as montanhas mais altas que se pode imaginar.


Berchtesgaden é mais conhecida por abrigar o Ninho da Águia de Hitler, mas o que nos trouxe para cá foi o desejo de ver de perto o fantástico Lago Königssee e o magnífico Parque Nacional de Berchtesgaden. Com apenas dois dias para conhecer a região, o plano para este primeiro dia era fazer o passeio de barco pelo Königssee (Lago do Rei) e seguir a trilha de pedestrianismo até o Obersee (Lago Superior), ambos dentro do Parque Nacional de Berchtesgaden.



1. Schlingnatter não é venenosa; 2 e 3. Restaurante da pousada; 4. Troféus de caça felizes...

5. Revista de Motociclismo e mesa com dentificação; 6. Prontos pro que der e vier.


No caminho para o café da manhã fomos surpreendidos por uma cobra, bem parecida com as nossas jararacas. Segundo o proprietário, uma Schlingnatter, inofensiva para humanos e um presente do gato da casa que matou a cobra e mostrou a caça. Troféus de caça também estavam expostos por todo canto do restaurante onde foi servido o café da manhã. Animais empalhados com expressões felizes eram uma sarcástica associação da ausência de vida e felicidade. A caça é parte da história destas terras. O isolamento e beleza desta região fizeram reis e nazistas preservarem estas florestas para seus tolos esportes, tradição ultrapassados e sem justificativa nos dias atuais.


Mas, ignorando os troféus, o salão é lindo! Construído em madeira com técnicas tradicionais regionais, telhado pouco inclinado e capaz de suportar o peso da neve no ápice do inverno. Nossa mesa estava identificada e com uma revista de motociclismo colocada sobre o peitoril da janela. O simpático casal de Estugarda era proprietário das motos Yamaha que estavam no porão. Nós os conhecemos no dia anterior e conversamos bastante, agora nos cumprimentaram animados. Estavam prontos para mais um dia de passeios na região, cada um na sua moto.


Parque Nacional de Berchtesgaden

Único parque alpino da Alemanha e Reserva da Biosfera pela UNESCO desde 1990, protege paisagem e espécies endêmicas como Edelweiß, Enzian, marmota alpina, cabra-antílope camurça e águia-real e busca preservar e desenvolver florestas ​​e agricultura de montanha e incentivar e apoiar iniciativas locais na economia sustentável.


O território do parque inicia na fronteira com a Áustria e engloba montanhas, encostas, vales, várzeas e 8 cidades e aldeias. Aqui se encontram o Watsmann, a terceira montanha mais alta da Alemanha e dois dos cinco glaciares alemães. No Centro do parque está o vale que acolhe o Königssee, um lago glacial com 7,7 km de comprimento, 1,7 km de largura e 190 metros de profundidade, cujas águas terminam por abastecer o rio Danúbio.




A caminho de Schönau am Königssee

Este lugar exala magnitude! Do nosso hotel, no alto da montanha, até o vale são 9 km descendo pela floresta envolta na bruma. Uma sequência de curvas com asfalto perfeito e rugosidade que direciona chuva e neve derretida para fora da estrada.


No vale, estradas bem sinalizadas conectam os vilarejos e o trem regional, e há uma boa infraestrutura turística. Um dos Centros de Informações do Parque, Haus der Berge (Casa das Montanhas) fica nas ladeiras da vila de Berchtesgaden, onde se pode buscar informação antes de se embrenhar pelo parque.


Schönau am Königssee é uma vila turística que cresceu em torno do porto de onde partem os barcos que percorrem o lago. Aqui não faltam hotéis, restaurantes, cafés, agencias de viagens e o teleférico que leva ao monte Jenner. O enorme estacionamento dá a dimensão do interesse turístico do lugar e a taxa de turismo municipal, cobrada no hotel, dá direito a desconto no estacionamento.


Ajudamos um motociclista grego a pagar o estacionamento usando os tótemes automáticos. Ele pareceu se divertir com a ideia de ter diante de si um casal de motociclistas de um lugar ainda mais distante que o dele que, no entanto, não tinha dificuldade com a língua local. O totem fica ao lado do Centro de Informações Turísticas, banheiros públicos e guarda volumes, onde deixamos nossos capacetes.


Bilhete e o Passeio de Barco


O impacto de encontrar uma multidão no parque foi forte. Muitos esportistas percorrem trilhas escolhidas a dedo da extensa rede de trilhas. Mas, sem toda essa disposição e tempo necessário, optamos pelo que quase todo turista faz, pois para chegar à península de St. Bartholomä e à Estação que leva ao Obersse, só existem duas possibilidades: transpor a montanha a pé, ou fazer o silencioso e cênico trajeto de barco pelo lago.


Os barcos tem dois pontos de embarque e desembarque, St. Bartholomä e Salet, além de um ponto ocasional, Kessel. Cada uma das estações é o ponto de partida para diversas trilhas de pedestrianismo. Veículos são proibidos e apenas os barcos elétricos que fazem o serviço de transporte público são autorizados a navegar no lago.


Optamos pelo bilhete ida e volta a Salet, a estação mais distante, localizada no extremo oposto do embarque. Bilhetes simples são bem mais econômicos e são uma opção para aqueles que desejam fazer uma trilha entre as estações. Os bilhetes são válidos para o dia todo e permitem subir e descer do barco infinitas vezes no trecho escolhido.


Para evitar a multidão, pegue o primeiro barco da manhã (8h30min), porque o silêncio prometido pelo motor elétrico foi preenchido pelos animados turistas que foram conosco no barco, desde esportistas em busca de uma trilha isolada para desbravar, até elegantes turistas com sapatinhos envernizados em posição Sélfica.




Königssee - O Lago do Rei

Um lago glacial isolado num vale estreito entre algumas das montanhas mais altas da Alemanha!


Cercada pelas águas tão verdes e profundas quanto os picos que emergem como fiordes de suas margens, só consigo me maravilhar com tamanha beleza que o vento teimava em arrepiar assim que dobramos a curva para sair do porto... Compreendo agora a fascinação por este lugar!


Partimos no meio da manhã com grossas nuvens de chuva ameaçando cair sobre nós. O barco desliza silenciosamente sobre as águas transparentes esverdeadas originadas do degelo de geleiras e da neve e percorre o comprimento do lago entre a estação de Königssee Seelände e Salet.


König em alemão quer dizer Rei. Fico tentada a traduzir o nome do lago para Lago do Rei mas, embora o lago seja majestoso, não creio que o rei em questão seja um nobre humano. Acredito que seja aquela montanha ali, o Hochkönig (Rei Alto), cujos picos emergem em segundo plano da cordilheira que emoldura a face sul do lago e para onde estamos indo.




Durante o percurso um marinheiro aponta alguns lugares importantes do lago e narra curiosidades, fatos históricos e geológicos. Quando a narração terminou fez-se silêncio, e o único barulho que se ouvia era o som das moedas caindo no quepe do marinheiro.

"O marinheiro cicerone, que fazia mil piadinhas durante o trajeto, contou que antigamente eles davam tiros voltados para o penhasco para constatar o fenômeno do eco. Esta prática foi proibida e eles resolveram substituir os tiros por música tocada por um trompete." (Gilson)

O lago é considerado o mais limpo do país e para mantê-lo assim são aplicadas regras rígidas de controle de poluentes, tanto de veículos quanto de esgoto. Gosto do silêncio distante da multidão aqui no lago!


St. Bartholomä

A trinta minutos do percurso fica a península de Hirschau com o primeiro pier de embarque e desembarque. A aproximação permite observar em detalhes a pequena e bela igreja do século XII com suas cúpulas vermelhas que lhe dão um ar russo, contrastando com o Watzmann, a 3ª montanha mais alta do país ao fundo, e as águas verdes do Lago.


St. Bartholomä é padroeiro dos agricultores alpinos e dá nome à essa igreja que é destino da uma peregrinação anual que parte de Maria Alm, na Áustria, cruzando os Alpes. Não entramos na igreja, apenas a contornamos e caminhamos pela bela e calma trilha ao longo da praia, fácil de seguir.


Junto ao Centro de Informações do Parque a trilha se divide. Se tivéssemos chegado mais cedo seria possível ir até a Eisskapelle (capela de gelo). Um percurso de 6 km, ida e volta até a geleira de menor altitude dos Alpes alemães. Enquanto que a linha de neve no verão fica acima dos 2.000 metros de altitude, esta geleira se mantém durante o ano todo. O degelo cria uma cavidade translúcida que originou a referência a uma "capela de gelo". Se você optar por este passeio, reserve em torno de 4 horas. Nós decidimos percorrer apenas uma trilha naquele dia, para poder nos demorarmos o quanto quiséssemos e porque o tempo não estava lá muito firme. Entre a Eiskapelle e o Obersse, optamos pelo segundo.





Obersee - O Lago Superior

Voltamos ao pier para vencer o trajeto de 20 minutos de barco até a Estação Salet, onde começa a trilha do lago Obersee de 2,7km (45 minutos) e que termina no outro lado do pequeno lago.


A trilha em terra batida com pedras soltas e alguns trechos inclinados, foi mais fácil que eu imaginava. Havia idosos, pais empurrando carrinhos de bebê e crianças em idade pré-escolar no trajeto. E mesmo tão cheia de gente é linda!


A cabana de pesca que guarda os apetrechos do único pescador credenciado a pescar nestes lagos estava fechada e se refletia magnificamente na água. Por isso, era o alvo de todos os turistas que disputavam o melhor ângulo para fotos. Nenhum turista se arriscou a entrar na água gelada, apesar do calor aparecer junto com o sol. A partir do final desta trilha é possível continuar até Röthbachfall, que com seus 470 metros de queda d´água livre, é a cascata mais alta da Alemanha num cenário espetacular.




O Retorno

É preciso ficar atento ao último barco que retorna a Schönau, mas o passeio foi tranquilo com tempo suficiente para contemplar, fotografar, usar os banheiros e tomar sorvete, sem pressa. Conosco embarcou uma família que cuidava com muito zelo de uma garota pré-adolescente com quadro de paralisia cerebral, era visível e comovente o quanto ela estava feliz e os pais, apesar do cansaço, satisfeitos em proporcionar à garota uma aventura como aquela.



O barco retornou passando novamente por St. Bartholomä onde descemos porque Gilson quis provar a truta defumada. A especialidade é preparada no rústico galpão ao lado da igreja usando peixes retirados do lago pelo único pescador credenciado do parque. A procura é grande e as mesas compartilhadas estão sempre cheias. Gilson ficou com a truta, eu com a cerveja.


Enquanto isso, o sol apareceu com intensidade e andamos um pouco mais pela península enquanto esperávamos outro barco atracar.



O último trecho de barco foi bem lotado e em completo silêncio, houve uma parada extra no píer Kessel, onde um casal com suas mochilas e botas de trekking desembarcou para percorrer uma trilha. No estacionamento reconhecemos outro casal, que caminhou conosco no Obersee, e que agora terminava de vestir as roupas de cordura e capacetes.


Os bilhetes do passeio de barco e de teleférico são bem caros, por isso optamos por fazer apenas o passeio de bardo e deixar para ver o lago do alto a partir do Ninho da Água, ao invés de subir de teleférico ao Monte Jenner. Mas se isso não for um problema para você, dá para fazer este também no mesmo dia, mas é preciso ficar atento à duração da permanência em cada lugar.


Uma sequência redondinha para um dia de turismo neste lago...

... seria começar bem cedo com o passeio de barco. Opte por apenas uma das trilhas em St. Bartolomä ou Salet, ou você se transformará em um dos muitos turistas que passaram correndo por nós em toda parte, tentando bater selfies em todos os pontos importantes no mesmo dia, se arriscando a ficar sem entender a essência do lugar. Desça na península de Hirschau e visite a igreja de St. Bartolomä. No retorno do barco ao pier em Schönau, caminhe até a Teleférico do monte Jenner , e compre o bilhete ida e volta de teleférico até o topo (Ganze Berg- und Tahlfahrt), para ver o lago de cima. Se conseguir estar lá em cima entre 11h da manhã e 15h da tarde haverá menos sombras das montanhas sobre o lago. De volta ao vale, faça a trilha até o Malerwinkel, não precisa fazer a trilha toda, e retorne ao estacionamento. O sentido inverso também funciona.


Algumas recomendações:
  • No inverno a estação Salet fica desativada.

  • Considere que a duração do trajeto de barco até Salet dura em torno de 1h15min. e o retorno à Schönau também, 2h30min. no total.

  • A trilha a pé ida e volta para o Obersee leva em torno de 2h, enquanto que a trilha à Eisskapelle leva em torno de 4h.

  • Cada perna do trajeto de teleférico leva 20 min. Reserve 2 horas para o Jenner, incluindo o trajeto de teleférico ida e volta e caminhadas.


Ramsau e o Ângulo do Pintor

Como o tempo estava instável e queríamos ainda andar de moto, optamos por outro passeio.

Ainda era cedo para voltar ao hotel e resolvemos passear mais um pouco de moto. A vila de Ramsau fica num belíssimo vale e rendeu um trajeto cênico até lá, subindo uma encosta e descendo por outra, através de túneis e pontes estreitas sobre o traçado da Estrada Alpina Alemã em seu trecho inicial (Deutsche Alpenstraße).


Nosso plano de tomar um café da tarde em Ramsau fracassou, porque pontualmente às 18h todo o comércio fechou as portas. Ramsau é uma vila linear muito bonita e calma, distribuída ao longo do rio. A igrejinha de São Sebastião, com as montanhas ao fundo, forma a imagem conhecida como Malerwinkel ou ângulo do pintor. Nome muito adequado porque é um ponto de vista perfeito e por isso mesmo aquele cantinho no final da ponte estava bastante disputado por fotógrafos com suas super câmeras. Muito bonitos também são a praça e o cemitério da igreja, ouso dizer até que é o cemitério mais bonito e bem cuidado que já vi! Cemitérios são lugares de paz e respeito, é sempre bom lembrar.


 
Percurso do dia.
O Dia em Números:

Deslocamento: Trajeto circular de Bischofswiesen a Schönau am Königssee e Ramsau.

  • Distância percorrida do dia = 27,8km ≈ Duração = 2h10min

  • Início 10h20min - Fim 19h30min.

Custos de manutenção:

  • Serviços: € 0,00

  • Peças: € 0,00

  • Ferramentas: € 0,00

  • Material de consumo: € 0,00

  • SUBTOTAL B - € 0,00


 
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Links interessantes e úteis:

Trilhas mais conhecidas:

  • Malerwinkel (em alemão) Trilha no lago Königssee - dificuldade média, trilha circular - 3,8km ≈ 1h30min.

  • Eiskapelle (em alemão) Trilha no lago Königssee - dificuldade média, trilha linear - 3km ≈ 2h (apenas ida)

  • Obersee (em alemão) Trilha no lago Königssee - fácil, trilha linear - 2,7km ≈ 1h (apenas ida)

 

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