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1° Dia - O DIA MAIS QUENTE DO ANO - Entre Hamburg e Epscheid

Atualizado: 24 de ago. de 2021


Ao lado de Valentino Rossi, aguardando atendimento.
Epscheid, 25 de julho de 2019 - Quinta-feira.

O dia programado para começarmos a viagem começou no fornecedor de pneus, numa terceira tentativa de substituição. Mas chegando lá, já não tinham mais o conjunto sugerido no dia anterior e o preço de outro disponível era maior... Isso associado ao atendimento arrogante e desafiador, de quem sabe muito bem que não teríamos sucesso em outro lugar, nos fez desistir negócio.




A carga que se carrega.

Concordamos em continuar a busca pelos pneus durante a viagem, mesmo sabendo que não seria uma tarefa fácil, por causa da alta temporada, da elevada demanda pelos serviços em oficinas e da rigorosa organização de trabalho entre os alemães, que planejam tudo e são pouco flexíveis à alterações. Então, completamos o tanque de combustível, compramos água destilada (para completar o nível do líquido de arrefecimento) e prensarmos nossa bagagem no baú e malas laterais. Finalmente estávamos prontos para aquele percurso de 370 km até Epscheid, onde uma tia nos aguardava no final do dia.


Foi decepcionante constatar que os 47 litros do top case e duas malas laterias, de 20 litros cada, estavam completamente cheios e pesados. Essa é a parte da viagem que menos gosto, carregar o peso e montar, depois desfazer tudo no destino. Começo o percurso cansada e tensa, termino dolorida. Todo o planejamento que fizemos parece ter surtido o efeito contrário, pois estávamos levando mais tralha que na viagem do ano anterior... bem, ainda tinha a chance de testar o conteúdo daquela carga e certamente deixar boa parte dela na casa dos parentes.

- O.K. Vamos lá. -


Minha baixa estatura nunca foi limitante para subir na moto, mas naquela hora eu estava com dificuldade de montar a brigite. Gilson sacou o que estava acontecendo e sugeriu um alongamento: Pescoço, braços, costas, pernas e, vlup, um único movimento e eu estava encaixada onde deveria, sem esforço. No fim das contas, não era só a roupa de cordura e as botas que limitavam a flexibilidade, mas também a tensão dos preparativos da partida.



Megacalor!

Iniciamos a viagem às duas e trinta rumo a sudoeste, debaixo de um céu de azul intenso e um sol escaldeante, sabendo de antemão dos alertas de condições atmosféricas extremas para aquele dia, com baixa umidade e temperaturas elevadas que deveriam chegar ao auge no meio da tarde. Mas, o calor infernal já se fez sentir mais cedo, antes mesmo de completarmos 30 km de autoestrada, quando paramos para nos abrigar no ar-condicionado do Burger King e almoçar. Parece que todo mundo teve a mesma ideia. O conjunto de segunda pele que estávamos usando demonstrou bom resultado, permitiu a ventilação e protegeu a pele da radiação solar. Eu preferi manter a jaqueta, Gilson ficou mais à vontade sem. Paramos novamente depois de mais 30 km. Caramba! estávamos esgotados! Nunca imaginei sofrer mais com calor aqui no norte da Alemanha que no Brasil! Gilson deitou no banco à sombra das árvores e dormiu por 20 minutos. A autoestrada A1 estava praticamente vazia.


"Megacalor" O trajeto do dia na zona dos 40 °C.

A viagem continuou nesse ritmo, com quatro paradas para nos abrigarmos e comprarmos água, muita água. Acho que nunca bebi tanto desse precioso líquido! O vento não ajudava em nada a amenizar o desconforto, só intensificava a desidratação. A temperatura elevada somou-se a uma vibração e, o que a princípio pensei ser asfalto de má qualidade, parecia ser o efeito dos pneus que não tínhamos trocado, ou os dois derretendo no calor que fazia...


Na terceira parada conversamos com motoristas preocupados conosco naquelas condições, um belga e outro dinamarquês. Este último contou que à meia hora, a menos de 80 km, foi registrada a temperatura de 42°C, marca que superou o recorde nacional histórico de 2015. Essa notícia foi confirmada na parada seguinte pelos nossos filhos que estavam preocupados com as informações chegavam ao Brasil sobre a onda de calor que atravessava a Europa. Todo trajeto do dia se deu através da zona dos 40°C, possivelmente com as temperaturas mais altas do verão no país. Não houve trégua, e os pontos de parada e descanso foram oásis mais que bem vindos onde pudemos recompor nossas energias.





Mas, se soubemos respeitar nossos limites físicos, não pudemos mudar a extensão da duração da viagem das quatro horas previstas pelo Google Maps para seis horas e meia, sem contar o tempo em que ficamos descansando. Na última parada errei a pontaria sobre a lista apresentada pelo GPS no momento em que Gilson acelerou para voltar à autoestrada, fomos levados a um endereço homônimo, que felizmente era na região onde pretendíamos chegar. Na saída da autoestrada o lugar não se parecia em nada com a imagem da minha lembrança. Reconhecido o erro de percurso tivemos que retornar os 16 km percorridos para voltar ao caminho certo.


Já era muito tarde e o sol no horizonte parecia uma enorme laranja num horizonte LGBT, lançando nossa sombra a uma distância inalcançável. Gilson estava muito concentrado acelerando para recuperar o tempo perdido, quando percebeu o momento único e fugaz. Não foi preciso dizer nada, a comunicação se dá através da área de contato dos nosso corpos, com um leve reclinar de aproximação seguido de um abraço.


"Proibido trânsito de motocicletas"

Já era noite quando começamos a subida das colinas de Sauerland. A estrada estadual serpenteia montanha acima num território vastamente arborizado. Após um posto de gasolina o Maps optou pela estrada à direita numa bifurcação. Gilson quis saber o significado daquela placa. Lembrei então que aquela estrada era a curvilínea rota da Priorei, proibida para motos, exatamente porque os acidentes mais comuns na estrada, envolviam duas rodas e alta velocidade. Aí me dei conta que o Maps ainda não considerava o tipo de veículo e portanto não soube escolher o caminho correto, que seria o outro ali na bifurcação. Gilson não quis voltar, mas ficou preocupado quando chegamos na parte mais íngreme. É uma pena que seja proibida para motos, a estrada é linda!


Enquanto subíamos, não havia ninguém na estrada. Lá no topo na cidade ninguém nas ruas, ninguém nos quintais. Finalmente chegamos, e Margarete nos recebeu de braços abertos, muito aliviada por finalmente nos ter ali com ela e com certeza de que estávamos a salvo.


 

Percurso do dia.
O Dia em Números:

Deslocamento: Trajeto de Hamburg a Epscheid:

  • Distância percorrida = 421km ≈ Duração = 6h40min.

  • Início 9h20min. - Fim 22h30min.


Despesas Básicas:

  • Deslocamento € 46,41

  • Hospedagem € 0,00

  • Alimentação € 22,99

  • Ingressos € 0,00

  • SUBTOTAL A - 69,40 €

Custos de manutenção:

  • Serviços: € 0,00

  • Peças: € 0,00

  • Ferramentas: € 0,00

  • Material de consumo: € 1,89

  • SUBTOTAL B - € 1,89




 
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