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4° Dia - FAMILIA, RADARES E PROBLEMAS MECÂNICOS- Epscheid

Atualizado: 24 de ago. de 2021


Minha avó materna - óleo sobre tela - de Gerhard Kohlmeier

Epscheid, 28 de julho de 2019 - Domingo.


Gilson ainda tossia muito, muito mesmo. Ele começou a se queixar que todos os músculos doíam, como se tivesse exagerado no exercício de abdominais. O ar seco intensificava seu problema e fiquei imaginando se do outro lado da parede que separa nosso quarto do quarto da casa vizinha seria possível ouvir seus acessos de tosse. Torci intimamente que não... Para amenizar o problema Gilson tomava umas pastilhas efervescentes, oferecidas pela nossa anfitriã de Harburg, e colheradas do mel que trouxemos também de lá. Tudo isso dava um alívio temporário e soube exatamente como eu mesma ficaria em alguns dias porque agora era eu quem começava a sentir os mesmos sintomas.


A tosse, mesmo sendo incômoda, não atrapalhava nossos planos de rever a parte da familia que mora nesta região. Dois dias não seriam suficientes para encontrar todos os primos, mas dedicamos o domingo a um tio, e a familia uma tia.



Os encontros aconteceram como programado e Gilson adorou conhecer essa parte da familia que nos recebeu afetuosamente. Ficaram preocupados com o estado do Gilson e ofereceram um xarope fitoterápico a base de hera. Gilson, como autêntico manesinho de Florianópolis, é desconfiado de tudo, principalmente com remédios, mas aceitou o xarope e seu efeito se mostrou excelente. Deram-nos sugestões valiosas de lugares a visitar. Impressionante a quantidade de atrações que esse país abriga e como seus habitantes recolhem suas barreiras e polidez quando gostam de alguém.


Mais uma vez aquela pergunta cheia de dedos a respeito de nossa opinião sobre o novo presidente de extrema direita. A reação à resposta se repetiu, alívio seguido de perplexidade pela escolha dos brasileiros. O tema evoluiu para as as lembranças de infância e adolescência vividos pelos tios na dura realidade da segunda guerra, em que olhar para o céu a procura de aviões aliados antes de sair de casa era tão rotineiro como olhar para os lados antes de atravessar a rua. Eles alertaram sobre o perigo que representa dar espaço à extrema direita, que na Alemanha usou a frustração do povo no pós-primeira grande guerra e a manipulou para os propósitos nazistas. Os alemães não esquecem os erros de seus antecessores, embora com frequência desejem profundamente aliviar a carga da culpa, que nem é diretamente sua pois eram jovens demais para sequer entender o que acontecia, mas que assumem como sociedade empenhada em não permitir que o horror se repita.


Despedidas são sempre difíceis, principalmente quando aqueles que amamos vivem tão longe...




Na Autobahn havia vários trechos com limite de velocidade entre 60 e 100km/h e por duas vezes os flashs voltados de frente para os condutores chamaram nossa atenção para os flagrantes de velocidade máxima excedida pelos veículos que nos ultrapassaram como foguetes. Num certo momento Gilson balançou a cabeça, como ele sempre faz quando alguém faz alguma bobagem, mas desta era uma autocrítica por não ter repetido a cortesia padrão de facilitar o acesso ao motorista que entrava na autoestrada, forçando-o a ter que acelerar muito para conseguir ocupar seu espaço com segurança... É que aqui não tem acostamento, quando termina a faixa de acesso, o veículo que entre precisa estar posicionado, daí o hábito de reduzir a velocidade para dar passagem a quem está entrando na rodovia.


A falha de ignição persistia em velocidades baixas e os pneus ainda não haviam sido trocados, por isso Gilson estava decidido a sacrificar um dia do nosso roteiro para substituir pneus e velas antes de continuarmos rumo ao sul. Estávamos perto de nossa base em Epscheid, quando repentinamente no meio de uma forte aceleração na autoestrada, a moto ficou incrivelmente barulhenta, era algum problema no escapamento. Nossa chegada em casa foi anunciada ruidosamente com 500 metros de antecedência e a vizinhança toda deve ter ficado incomodada.


Flagrante durante o passeio no ano anterior.


Minha prima nos esperava e foi ótimo revê-la! Ela parecia orgulhosa por termos oficializado nossa união que já durava 30 anos e lembrou o passeio que fizemos juntos no ano anterior em que ela flagrou o momento em que Gilson e eu trançamos e trocamos alianças de capim. A foto estava colada na contracapa do livro que nos presenteou pelo casamento. Conversamos longamente sobre vários assuntos, incluindo os problemas da moto e ela entrou em contato com o marido, que é motociclista, e ele indicou uma oficina de sua confiança. Quando nos despedimos sabíamos que não os encontraríamos mais, mas tínhamos um valioso endereço nas mãos, destino do dia seguinte, que nos reservava uma série de atividades que agora também incluíam um problema no escapamento.


Como sempre faz antes de ir dormir, Gilson mandou as fotos do dia para familia e amigos, e recebeu com estranhamento uma foto de César, nosso amigo que encontraríamos na Itália dali a alguns dias. Era a moto que César tinha comprado, uma moto BMW F650, que estava sobre um caminhão guincho com um motociclista todo aparatado e com bagagem a seu lado, mas não havia nenhuma informação ou explicação do que se tratava... Fomos dormir preocupados.

 

Percurso do dia.
O Dia em Números:

Deslocamento: Trajeto de Epscheid a Bönen e retorno

  • Distância percorrida = 133km ≈ Duração = 2h20min.

  • Início 10h30 - Fim 21h30min.


Despesas Básicas:

  • Deslocamento € 18,77

  • Hospedagem € 0,00

  • Alimentação € 0,00

  • Ingressos € 0,00

  • SUBTOTAL A - € 18,77

Custos de manutenção:

  • Serviços: € 0,00

  • Peças: € 0,00

  • Ferramentas: € 0,00

  • Material de consumo: € 0,00

  • SUBTOTAL B - € 0,00



 
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